247 – “No Brasil, a arte de falar sobre corrupção costuma ser conjugada só na terceira pessoa. Corrupto é ‘ele’, o outro. A corrupção do partido que grita ‘corrupto’ é outra coisa, não é assim tão grave”, escreve o filósofo Vladimir Safatle em sua coluna desta sexta-feira 14 na Folha de S. Paulo. Ele dá exemplos:
“Segundo essa lógica, o mensalão tucano não teve nada a ver com o mensalão petista. A compra de deputados feita por FHC foi ‘outra coisa’, assim como a corrupção no metrô de São Paulo: mesmo abrindo processos nas justiça da França e da Suíça, ela não justificaria uma reles CPI no Tucanistão, vulgo Estado de São Paulo. A corrupção do PT foi caixa dois, como sempre foi feito”.
“Todos nós conhecemos bem esses raciocínios”, prossegue Safatle. “Mas não, meus amigos, a corrupção do seu partido do coração não é ‘outra coisa’. Ela é a ‘mesma coisa’. É por pensar assim que estamos nesta situação. Ela só terminará quando o último corrupto petista for enforcado nas tripas do último corrupto tucano”