A Cadeia Pública Paulo Roberto Rocha, no Complexo de Gericinó, e a Cadeia Pública Patrícia Acioli, em São Gonçalo, estão sob regime de quarentena após suspeitas de meningite meningocócica entre os presos. Na semana passada, em menos de 48 horas morreram 3 pessoas nas duas unidades. De acordo com a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária, uma delas foi confirmada como meningite bacteriana e os outros dois casos aguardam laudo do Instituto Médico Legal.
Em quarentena, os familiares de 3.550 presos estão sem poder visitá-los nas unidades. Além disso, está proibido também a saída desses presos e a visita de advogados e defensores públicos ao local. De acordo com a Seap, todos os procedimentos de profilaxias e medicamentos estão sendo adotados para os presos e servidores, que estão trabalhando normalmente.
Sandra da Silva, de 45 anos, é tia de um dos presos da penitenciária Paulo Roberto Rocha. Segundo a balconista, o local que o sobrinho fica “é um nojo, muito sujo e cheio de baratas”.
— Eu tenho medo de que ele pegue alguma doença. Ele está pagando pelo que fez mas ninguém merece estar naquela situação — disse ela.
Outros três presos deram entrada na UPA da Cadeia Pública Paulo Roberto Rocha, desde que o caso de meningite meningocócica foi diagnosticado na unidade. Com sintomas de febre, vômitos, cefaleia e manchas vermelhas pelo corpo, eles foram internados logo após dois detentos da mesma cadeia morrerem no dia 8 de abril, um deles vítima da doença. Em São Gonçalo, na Cadeia Pública Patrícia Acioli, um outro detento faleceu por causa de uma pneumonia, apesar de ainda haver suspeita de meningite na unidade. Todos os presos das duas unidades estão sendo medicados com antibióticos.
A morte na cadeia Paulo Roberto Rochada é o primeiro caso de meningite constatado nos presídios este ano, mas segundo Marlon Barcellos, defensor público e coordenador do Núcleo do Sistema Penitenciário (Nuspen), este dado pode ser impreciso.
— Normalmente essas mortes não têm a causa biológica delas apurada, são feitas apenas perícias criminais para verificar se houve violência e no final acabam dando respostas como colapso pulmonar ou parada cardíaca — disse o defensor público. — Não é feito uma perícia clínica no corpo do preso antes da constatação da morte. Dessa maneira, não há como precisar se os outros 50 presos mortos este ano não morreram em razão de meningite ou pneumonia, por exemplo.
Os casos foram divulgados através de uma nota informativa das secretarias de Saúde do estado e do município no dia 12 de abril. No documento, as secretarias informam que medidas já foram tomadas para o monitoramento e acompanhamento da evolução clínica dos casos e indicou a quimioprofilaxia como medida de controle para aquelas pessoas que estiveram em contato com casos suspeitos.
Audiência pública relata más condições nos presídios do Rio de Janeiro
Uma audiência pública realizada nesta segunda-feira pela Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) colheu denúncias por parte de representantes das penitenciárias, servidores e parentes de presos sobre as péssimas condições de saúde e higiene das unidades.
Durante a reunião, a coordenadora de Gestão em Saúde Penitenciária na Seap, Nice Carvalho, disse que o Rio de Janeiro tinha uma saúde de “excelência reconhecida nacionalmente, mas a população carcerária se multiplicou, enquanto as equipes de saúde diminuíram”. Segundo ela, em 1998, havia 1,2 mil técnicos em enfermagem para 18 mil presos, enquanto hoje, existem 450 técnicos para atender 54 mil.
De acordo com a nota expedida pela Alerj sobre a audiência, a taxa de mortalidade em razão de alguma enfermidade dentro dos presídios do Rio de Janeiro aumentou em 10 vezes desde 1998, subindo para 266 no ano passado.
Fonte: Extra
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