O número de presos infectados com doenças contagiosas no Complexo Penitenciário da Papuda não para de aumentar. Começou com 692 doentes; aumentou para 1.110 na última sexta-feira (21/7) e chegou a 2.095 ocorrências nesta segunda (24). A evolução de 202% se deu em 11 dias. Embora os primeiros casos tenham sido identificados como impetigo e sarna, a Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social (SSP-DF) agora alega ter encontrado ocorrências de tinea (micose), pitiríase e furunculose. Todas altamente contagiosas. Elas provocam coceira, feridas e bolhas purulentas na pele.
A quantidade de unidades atingidas também aumentou. Em princípio, a pasta admitia as doenças apenas na Penitenciária do Distrito Federal 1 (PDF 1) no Centro de Detenção Provisória (CDP). Agora, informa que há detentos com infecções na pele em cinco das seis unidades que compõem o sistema prisional do DF. Em nova nota, a SSP constata a proliferação das enfermidades também na PDF 2; no Centro de Internamento e Reeducação (CIR) e no Centro de Progressão Penitenciária (CPP).
Todas as unidades estão passando por triagem. Até 13 de julho, quando o Metrópoles denunciou o caso, havia um pedido da Justiça para tratamento dos doentes e acompanhamento do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). No entanto, somente após a publicação da reportagem, os números começaram a ser divulgados. Na ocasião, 10 esposas de detentos relataram à reportagem que os maridos não tinham tratamento para as enfermidades. Duas delas disseram que foram contaminadas em visitas.
De acordo com os novos números da Subsecretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe), na PDF I foram triados 3.876 detentos e medicados 950. Na PDF 2, todos os internos passaram por avaliação e 480 receberam remédios. No CIR, foram, respectivamente, 672 e 168; e no CPP, 150 e quatro.
Doenças
Assim como a sarna, também conhecida como escabiose, as outras três doenças identificadas pela secretaria são infecções de pele. A tinea é provocada por um fungo e causa erupções cutâneas em formato circular. A pitiríase acarreta manchas e coceiras, e a furunculose faz eclodir uma série de furúnculos.
Todas as unidades prisionais do Distrito Federal estão passando por triagem. Os médicos realizam a consulta com os detentos, verificam se eles estão com alguma doença de pele, passam a medicação nos pacientes em casos que forem diagnosticados e dão orientações de higiene, como a lavagem de mãos.
Até o momento, o governo declara ter higienizado 25 celas no CDP a fim de evitar novos casos. “Nas demais unidades prisionais (CIR, PDF I e II e CPP) foram realizadas a higienização geral e também orientado aos internos sobre a higienização”, disse a Sesipe por meio de nota.