No universo das condições respiratórias, a fisioterapia respiratória emerge como uma ferramenta indispensável no tratamento de enfermidades crônicas, como asma e doenças pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), assim como na recuperação pós-infecções respiratórias, notadamente a Covid-19.
Especialistas destacam que a fisioterapia respiratória não só alivia sintomas imediatos, mas desempenha um papel crucial na gestão a longo prazo, proporcionando melhor qualidade de vida aos pacientes. A fisioterapia respiratória é um conjunto de técnicas e exercícios que visam melhorar a função pulmonar, a capacidade respiratória e a oxigenação do sangue.
No Brasil, um estudo realizado pelo Ministério da Saúde em 2022 estimou que 3,4 milhões de pessoas desenvolveram Covid longa após se recuperarem da doença. O estudo também apontou que as mulheres são mais propensas a desenvolver Covid longa do que os homens.
Em uma entrevista com o fisioterapeuta, Dr. Jonh Kennedy, exploramos a importância da fisioterapia respiratória em condições crônicas, seu papel na recuperação pós-Covid-19 e os benefícios ao integrá-la como parte de um tratamento abrangente.
Segundo o fisioterapeuta, a fisioterapia está mais que provada no papel fundamento na reabilitação de pacientes com doenças crônicas, sejam elas adquiridas, como é o caso das DPOC, por fatores extrínsecos, nocivos à saúde, ou asma que é uma condição clínica base. A fisioterapia respiratória trás mobilidade e expansão pulmonar pra esses pacientes que são acometidos, com várias técnicas diferentes que auxiliam na melhora da musculatura acessória e também do próprio pulmão melhorando assim a qualidade de vida do paciente trazendo ele de volta para as suas atividades de vida diária.
São os fisioterapeutas que realizam procedimentos e manobras que visam garantir a integridade dos movimentos respiratórios, por exemplo os que são extremamente afetados pelo coronavírus. Nas afeções como a Covid -19 esses profissionais foram pegos de surpresa como todos os profissionais, mais seu papel foi um dos pontos chaves, para a melhora e recuperação dos pacientes afetados.
“Na pandemia em relato profissional recebíamos sempre os pacientes que vinham encaminhados com Covid-19 moderado para grave, aqueles que já evoluíram com hipoxemia e necessitam de suporte de O2. A função do fisioterapeuta neste momento é atuar para a otimização pelas diferentes formas de ventilação espontânea , da oferta de O2, com fisioterapia respiratória e prevenção de perda da funcionalidade e profilaxia circulatória. Tudo isto para tentar evitar que o paciente evolua com necessidade de ventilação invasiva , a intubação e consequentemente a necessidade de UTI”, disse Dr. Jonh Kennedy.
O fisioterapeuta explicou que em casos como o acima citado, ele também fazia o tratamento para os pacientes que recebiam alta da UTI e precisavam recuperar a função pulmonar e/ou motora após período em Ventilação Mecânica.
“Aí íamos diretamente para a fisioterapia reabilitaria. E, novamente, funciona como equipe multiprofissional. O desmame, a evolução para retiradas de traqueostomia , recuperação de posturas como a sentada e evolução para a ortostase (ficar em pé) e poder andar. Tenho certeza que em todas as fases da doença a atuação do fisioterapeuta é fundamental e o que me dá está certeza é a alta dos pacientes. Trabalhamos com pacientes diretamente com desconforto respiratório, bem como, a transição da ventilação artificial para a respiração espontânea que é o nosso objetivo principal: a retirada da ventilação mecânica”, informou.
Um dos tratamentos mais eficazes e que foi bastante durante a Covid- 19 foi a ventilação mecânica não invasiva (VNI), que devolvia a expansão pulmonar, recuperação e manutenção e auxílio de forma não invasiva e sem os riscos da intubação endotraqueal, sendo considerada por Dr. Jonh Kennedy, um dos tratamentos que salvou muitas vidas.
“Nossos pacientes se beneficiam através da manutenção e evolução do tratamento da doença base. Não existe solução milagrosa, e sim prática clínica voltada a reabilitação, disciplina do paciente. Costumamos dizer que 30% é o nosso tratamento, 70% é a determinação do paciente, na sua recuperação total. Ela tem como objetivo a melhoria da condição pulmonar e dos músculos acessórios em ajuda do tratamento de mobilizar secreções, melhorar a oxigenação do sangue, promover a reexpansão pulmonar, diminuir o trabalho respiratório, prevenir complicações e reeducar a função respiratória. Para isso, utiliza-se um conjunto de técnicas manuais que podem ser preventivas ou curativas”, disse.
As técnicas devem ser realizadas e sempre orientadas por um Fisioterapeuta especializado na área.
O fisioterapeuta destacou algumas técnicas que são utilizadas no cotidiano dentro da rotina clínica. Vale lembrar de cada técnica tem seu objetivo e deverá ser realizada corretamente para ser eficaz. Algumas pessoas respondem mais rapidamente com umas e não se sentem confortáveis realizando outras.
* Manobras para higiene brônquica (drenagem postural, vibrocompressão torácica, aumento do fluxo expiratório, huffing, …)
* Manobras de reexpansão pulmonar (compressão-descompressão, inspiração máxima sustentada, compressão contra-lateral, …)
* Podem ser associadas ao uso de dispositivos (exercício de respiração com pressão positiva intermitente – RPPI, pressão expiratória positiva – PEP, oscilação oral de alta frequência/OOAF – Shaker e Flutter, Cough Assist – Máquina da Tosse)
* Treinamento Muscular Respiratório: quando realizados com dispositivos (aparelhos específicos para o fortalecimento) e juntamente com os exercícios respiratórios atuam diretamente no ganho de força muscular respiratória.
Ele enfatizou ainda, que os pacientes se beneficiam muito com a Fisioterapia Respiratória, incluindo aqueles com diagnóstico de Asma, Bronquite Crônica, DPOC, Enfisema Pulmonar, Bronquiolite, Fibrose Cística, Fibrose Pulmonar, Pneumonias, Doenças Oncológicas, Pré e Pós-Operatório de Cirurgias torácicas, cardíacas e abdominais.
Os idosos também tem um grande benefício com essas técnicas, visto que o envelhecimento apresenta uma redução da massa muscular esquelética e da força, incluindo a musculatura responsável pela respiração.
Os exercícios respiratórios são essenciais para a melhoria da respiração e mobilização dos músculos ventilatórios. Além disso, as técnicas de fisioterapia respiratória podem ser feitas também na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), inclusive quando o paciente se encontra intubado, respirando com a ajuda de aparelhos.
Os benefícios são:
* amplia a capacidade pulmonar;
* aumenta a oxigenação do sangue;
* combate a dificuldade de respirar;
* desobstrui e limpa as vias aéreas;
* facilita a chegada de oxigênio em todo corpo;
* libera as secreções do pulmão e das vias aéreas;
* melhora a troca gasosa;
* reduz o tempo de internamento hospitalar.
“Com isso concluímos que a fisioterapia respiratória é de suma importância dentro e fora do âmbito hospitalar, dentro da realidade de muitos pacientes no seu cotidiano, com sequelas das internações e da COVID-19 em si, da reabilitação e da manutenção desses tratamentos, e que cada vez mais seremos excepcionais na vida desses pacientes”, finalizou.
Dr jonh Kennedy
Fisioterapeuta Crefito 284168-F
Fonte: Adriany Santos
Créditos: Adriany Santos