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Dia Internacional da Mulher: conheça a origem do 8 de março

Oficializado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975, o Dia Internacional da Mulher celebrado em 8 de março simboliza a luta histórica das mulheres por condições sociais equiparadas às dos homens. Em princípio, a data remetia à reivindicação feminina por igualdade salarial, mas hoje serve para chamar a atenção para o fato de que ainda há muito o que lutar, como pelo fim da violência doméstica e do machismo e por políticas públicas mais amplas e eficazes em prol das mulheres.

Foto: Wikimedia Commons

Oficializado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975, o Dia Internacional da Mulher celebrado em 8 de março simboliza a luta histórica das mulheres por condições sociais equiparadas às dos homens. Em princípio, a data remetia à reivindicação feminina por igualdade salarial, mas hoje serve para chamar a atenção para o fato de que ainda há muito o que lutar, como pelo fim da violência doméstica e do machismo e por políticas públicas mais amplas e eficazes em prol das mulheres.

A decisão de cravar anualmente o 8 de março como Dia Internacional da Mulher tem como ponto de partida dois acontecimentos envolvendo uma série de ações envolvendo mobilizações políticas. O primeiro evento foi o incêndio ocorrido na fábrica Triangle Shirtwaist Company, em Nova York (EUA), em 25 de março de 1911. Na tragédia morreram 146 pessoas, das quais 125 eram mulheres.

As causas do incêndio foram as péssimas instalações elétricas e a quantidade imensa de tecido no local, que serviu de combustível para o fogo. No entanto, o hábito desumano de trancar os funcionários durante o expediente para evitar greves e rebeliões, comuns aos empresários da época, contribuiu para o desfecho cruel: no momento em que a Triangle pegou fogo, todas as portas estavam trancadas.

A precariedade do chão de fábrica pós-Revolução Industrial impulsionou, em diversos locais dos Estados Unidos e da Europa, a luta operária e os movimentos políticos organizados pelas mulheres – uma força de trabalho relevante e bastante explorada.

O segundo evento que contribui para a criação da data aconteceu em 1910, na cidade de Copenhague, onde ocorreu o II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas, que foi apoiado pela Internacional Comunista. Nesse evento, a alemã Clara Zetkin (1857-1933), membro do Partido Comunista Alemão e defensora dos direitos das mulheres, propôs a criação de um Dia Internacional da Mulher. No entanto, não sugeriu nenhuma data específica.

A homenagem institucionalizada do Dia Internacional da Mulher começou a se desenhar em 1917, na Rússia, em meio à revolução que derrubou a monarquia czarista. Numa marcha que representou um marco na História contemporânea, mulheres (muitas delas funcionárias de tecelagem) saíram às ruas de São Petersburgo no dia 8 de março para pedir por pão, melhores condições de vida e pela saída da Rússia da Primeira Guerra Mundial. O movimento operário aderiu à manifestação e cerca de 50 mil trabalhadores entraram em greve. A marcha ainda fortaleceu a causa do sufrágio feminino no país.

Conquistas e desafios das mulheres

Com as conquistas alcançadas por trabalhadoras de diversos países devido à greve na Rússia, o dia 8 de março tornou-se aos poucos uma data para homenagear a luta feminina. A partir dos anos 1960, a comemoração informal do Dia Internacional da Mulher já tinha se tornado tradicional, mas em 1975 foi oficializada quando a ONU declarou o Ano Internacional das Mulheres. Desde aquele fatídico 1911, muitos avanços aconteceram em questões relacionadas à mulher: maior participação no mercado de trabalho, acesso à educação, direito  ao voto e a assumir cargos políticos, entre outros.

No entanto, ainda há um longo caminho a se trilhar e por isso o Dia Internacional da Mulher é uma data que serve também para lembrar que uma série de reivindicações e necessidades ainda não foram atendidas. A violência de gênero, sobretudo a doméstica e a sexual, ainda assombra a vida de muitas mulheres mesmo com a existência de leis de proteção, como a Lei Maria da Penha no Brasil. Dados publicados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que o Brasil bateu recorde de feminicídios no primeiro semestre de 2022 com 699 casos registrados entre janeiro e junho. Importante notar que esses números refletem apenas os casos registrados como feminicídio.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) de 2021, a desigualdade salarial entre homens e mulheres é gritante. As mulheres ganham cerca de 20% menos do que os homens no Brasil, inclusive com o mesmo perfil de escolaridade e idade e na mesma categoria de ocupação.

Data lembra que luta feminina é contínua

Além disso, o Dia Internacional da Mulher serve para lembrar que ainda há pouca representatividade feminina na política. Nas eleições de 2022 no Brasil, por exemplo, as mulheres eleitas na Câmara dos Deputados representavam 17,7% das pessoas eleitas. No universo das 27 federações brasileiras, apenas Pernambuco e Rio Grande do Norte são administradas por mulheres. Segundo o IBGE, 51,8% da população brasileira é formada por mulheres.

Direitos reprodutivos também precisam entrar na pauta de reivindicações e preocupações. Eles ainda seguem uma ótica machista para quem determina as leis. Basta lembrar que em 2022 uma lei que garantia o direito ao aborto foi derrubada nos Estados Unidos.

O Dia Internacional da Mulher também é uma forma de reafirmar a relevância da contribuição feminina à sociedade, de relembrar as lutas vencidas e reconhecer que ainda há uma série de mudanças que se fazem urgentes e necessárias para garantir direitos e oportunidades iguais para todos.

Fonte: Terra
Créditos: Polêmica Paraíba