A implementação da quinta geração de internet móvel no Brasil chegou na última quinta-feira (4) a São Paulo , quinta cidade do país a receber a tecnologia. Até o fim deste mês, todas as capitais, à exceção de Manaus e Belém, terão o 5G. Mas e o que vem depois?
No mundo inteiro, os países já se preparam para o 6G , tecnologia com ares ainda mais futuristas. Sua supervelocidade e outros atributos vão permitir recursos até agora inexplorados para o consumidor, como holografia e aplicações táteis.
Haverá outros ganhos invisíveis, como maior integração de hardware com software e virtualização de redes. Será possível ampliar a comunicação sem fio intra e entre chips, avançando em novos formatos para tecnologias vestíveis (como relógios e anéis inteligentes), que poderiam até mesmo dispensar o uso de smartphones.
Enquanto a quinta geração é voltada principalmente para aplicações corporativas, a próxima faixa será para os consumidores.
A tecnologia poderá criar aplicações táteis. Em um jogo virtual, o usuário poderia ter a sensação do peso e da força de uma bola de tênis, por exemplo.
Segundo especialistas, haverá uma maior integração entre o mundo físico, o mundo digital e o mundo biológico. Como já definiu o professor José Marcos Câmara Brito, pró-diretor de Pós-graduação e Pesquisa do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), essa virtualização vai permitir a criação, para o ser humano, “de um uma espécie de sexto sentido”.
Haveria novas funções para segurança e entretenimento. Como um mapa que replica em tempo real o mundo físico para avisar sobre riscos de segurança ou opções de música ao vivo. As aplicações poderiam ainda ser vinculadas ao humor das pessoas. A partir da captação de imagens do consumidor, seriam oferecidas opções casadas com o momento.
O 6G vai atingir pela primeira vez a frequência do terahertz, ou THz — atualmente, as frequências operadas vão até o gigahertz (GHz).
Com uma largura de banda conhecida como “nova fronteira” de frequências, seria possível atingir velocidades na casa de 1 terabyte (TB) por segundo no pico, com média de 100 gigabytes (GB).
O 5G opera em outra escala, de cem megabytes (MB) a 1GB de taxa média, com 20 GB de pico. Ou seja, o 6G tem cem vezes mais velocidade.
O problema é que, quanto mais alta a frequência, menor a distância que ela é capaz de percorrer. Como consequência, é necessário um número muito maior de antenas para vencer a barreira e assegurar a propagação do 6G. São desafios como esse que precisam ser superados nos estudos conduzidos no Brasil e no mundo.
A previsão é que a padronização para o 6G seja finalizada apenas em 2030. Mas isso será feito a partir de definições que já começaram a ser estudadas pelas multinacionais do setor, pela academia e pela União Internacional de Telecomunicações (UIT), agência ligada às Nações Unidas (ONU).
Globalmente, a corrida tecnológica já começou, com previsão de incentivos locais para a indústria no Reino Unido e na Índia e estratégias em curso em União Europeia, China, Japão e Estados Unidos.
Americanos e japoneses firmaram um acordo este ano na tentativa de sair na frente nas redes 6G. Os dois países querem construir, juntos, equipamentos adaptados à tecnologia, em uma estratégia de minar a participação da China nesse mercado. Pequim também já tem anunciado conquistas na área, dando um indicativo de que essa guerra está só começando.
Enquanto isso, no Brasil, um ecossistema nacional para o tema já está em formação a partir do Projeto Brasil 6G, que foi iniciado no ano passado com liderança do Inatel e da Rede Nacional de Pesquisa e Ensino, com apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.
O Projeto Brasil 6G é dividido em várias frentes de pesquisa e conta com a participação de seis universidades e do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD).
Confira três aplicações futuras do 6G
- Táteis
Será possível transmitir o toque, no que já é chamado de “internet tátil”. Permitiria, por exemplo, emular a força de uma jogada. O desafio é criar pressão contra a pele sem haver um objeto físico.
- Holografia
Com técnicas de captura, transmissão e renderização 3D em tempo real, seria possível a criação de hologramas. A Samsung diz que para isso é necessária uma velocidade altíssima, não atingida no 5G.
- De um chip a outro
A comunicação sem fio entre chips pode ajudar na criação de cidades inteligentes e abrir caminho para mais funcionalidades para a indústria, por exemplo. Isso só é possível com a faixa do THz, do 6G.
Fonte: IG
Créditos: Polêmica Paraíba