O deputado federal paraibano Hugo Motta (Republicanos), que se apresenta como defensor da convergência política na atual conjuntura nacional, já indicou, como candidato favorito à presidência da Câmara dos Deputados, que irá evitar pautas consideradas polêmicas no plenário, esperando, com isto, cumprir acordos feitos para a sua ascensão ao cargo na sucessão de Arthur Lira (PP-AL). O pleito está marcado para o próximo sábado e os parlamentares também irão escolher o primeiro e segundo vice-presidentes e os quatro secretários da Mesa Diretora. Com exceção da federação Psol-Rede e do Novo, os demais partidos declararam apoio à candidatura de Hugo Motta, consolidando uma base que pode chegar a 494 deputados. Dois outros deputados lançaram-se no páreo: Pastor Henrique Vieira, do Psol-RJ, e Marcel van Hattem, do Novo-RS, que é declaradamente bolsonarista.
Nos diversos encontros que teve com deputados e bancadas partidárias, Hugo Motta firmou o pacto de esvaziar temas que possam aumentar a polarização do país. Entre as promessas de campanha, o líder do Republicanos enfatizou que as pautas da Câmara dos Deputados, caso eleito, serão focadas no crescimento do país. Não obstante, Hugo Motta enfrentará uma Câmara dividida em assuntos controversos como a anistia dos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 e a questão da proibição do aborto legal no país. O portal “Metrópoles” lembra que no ano passado um projeto de lei prevendo anistia aos envolvidos no 8 de janeiro estava pronto para ser apreciado pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, mas no dia em que o texto seria analisado o presidente Arthur Lira retirou o projeto da CCJ numa canetada e determinou a criação de uma comissão especial. Caberá a Hugo Motta, então, instalar essa comissão.
Outra questão polêmica que acirrou os ânimos na Câmara dos Deputados está ligada à interrupção do aborto legal no Brasil. Em um tempo recorde, a Casa Legislativa aprovou a urgência do Projeto de Lei número 1904/24, que equipara o aborto de gestação acima de 22 semanas ao homicídio, incluindo casos de estupro. Na CCJ da Casa, o tema também entrou em discussão. Uma proposta de emenda à Constituição de autoria do ex-deputado Eduardo Cunha, “padrinho” político de Hugo Motta, teve a admissibilidade aceita. A matéria proíbe o aborto legal no Brasil, que só é permitido em três casos específicos: quando há risco de vida para a gestante, em caso de estupro e se o feto for anencéfalo. A defesa da convergência por parte do deputado Hugo Motta passou por menções às eleições de 2026, no jantar que lhe foi oferecido esta semana em São Paulo por lideranças de diferentes bancadas.
– Nós temos que tratar de eleição no momento da eleição e, agora, no momento em que podemos exercer os nossos mandatos, nós temos uma responsabilidade maior com quem nos elegeu – enfatizou Hugo Motta, esquivando-se de entrar em bola dividida, já que é apoiado por deputados ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e por parlamentares da base do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula é cogitado para concorrer à reeleição ao Planalto em 2026, enquanto Bolsonaro aguarda a decretação do fim da sua inelegibilidade pela Justiça para candidatar-se novamente, no ano que vem. Em termos pessoais, o deputado Hugo Motta é apontado como alternativa do Republicanos para concorrer ao governo da Paraíba, seu berço político, contando com o apoio do esquema liderado pelo governador João Azevêdo (PSB). Concretamente, o único pré-candidato lançado a governador no Republicanos é o deputado estadual Adriano Galdino, presidente da Assembleia Legislativa. Sobre esse assunto, Hugo Motta tem protelado debates, principalmente, por parte do núcleo que segue a sua liderança, já que outros aliados do governador João Azevêdo se anunciam pretendentes.
De olho nos votos de parlamentares do PT e do PL, Hugo Motta repete que é possível, sim, encontrar convergência dentro da divergência. “A Câmara dos Deputados tem diante de si uma enorme responsabilidade – a de demonstrar maturidade política em meio a radicalizações de correntes políticas e partidárias que participam do jogo democrático. E nós estamos comprometidos com esse esforço para engrandecer o papel do Legislativo no contexto brasileiro”, asseverou o candidato favorito. Ele tece elogios ao atual presidente, Arthur Lira (PP-AL), patrono de sua candidatura e que já confidenciou a aliados que pretende ser candidato ao Senado nas próximas eleições. “Sua atuação tem sido essencial para a preservação da estabilidade democrática”, pontuou. Idêntico reconhecimento foi feito pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, do Republicanos: “Ele (Arthur Lira) fez um grande trabalho, de convergência, em um momento ímpar. Passamos reformas, garantiu-se lastro para a economia, a reforma tributária. É vocacionado e fez seu sucessor”, manifestou Tarcísio, referindo-se à indicação de Hugo Motta e ao favoritismo deste no páreo.