Os decretos assinados pelo presidente Jair Bolsonaro, em fevereiro deste ano, sobre armas e munições passaram por uma tramitação de apenas 32 horas, considerando desde a análise formal pelos órgãos federais até a publicação, na véspera do Carnaval. A informação foi publicada pelo jornal Folha de São Paulo nesta segunda-feira (05). A reportagem teve acesso a 27 documentos que descrevem a tramitação formal do processo, obtidos pelo deputado Ivan Valente (PSOL-SP).
As normas assinadas por Bolsonaro regulam a compra de armamento e munição por agentes de segurança e CACs (colecionadores, atiradores desportivos e caçadores) e flexibilizam o acesso e o limite para aquisição de armamentos e munições.
Desde o início do processo de tramitação até a assinatura de ministros, foram quase 26 horas, tendo início às 12h10 do dia 11 de fevereiro e terminando no dia seguinte, às 14h04. Se forem considerados os prazos de publicação dos decretos, foram 32 horas. Apesar da celeridade da tramitação e da ausência de consulta pública formalizada, o processo de consulta nos bastidores aos CACs (colecionadores, atiradores desportivos e caçadores), entretanto, demorou ao menos 11 meses antes da elaboração dos textos.
Em live no YouTube, realizada em 13 de fevereiro, o deputado federal e filho do presidente, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), com o advogado e atirador Marcos Pollon para falar das alterações dos decretos, eles relatam que o responsável pela consulta pública foi o coronel da reserva e atirador desportista Valdir Campoi Junior. O coronel trabalha na Secretaria Geral da Presidência na construção de decretos para flexibilizar armas e munições. Em 22 de fevereiro, ele foi nomeado para o CNPCT (Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura).
“Isso começou a ser trabalhado há quase um ano, praticamente 11 meses, quando Campoi começou a juntar as demandas de todo o setor, atiradores, federações, clubes. Desde então, foi maturando, maturando, juntou toda a demanda e fez a estrutura”, disse Pollon.
O Ministério da Defesa disse, em nota enviada à Folha de S. Paulo, que a formalização oficial ocorreu em prazo curto porque durante o processo de construção dos textos dos decretos, as análises formais já estavam sendo adiantadas e rascunhadas pelos órgãos técnicos e jurídicos.
“A dinâmica de trabalho de elaboração das normas permite sua análise técnica e jurídica em tempo adequado, como ocorre em diversos outros casos de elaboração normativa e legislativa”, afirmou a Defesa. A pasta afirmou ainda que o parecer de sua Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados foi suficiente e adequado para assessorar o processo decisório de edição de decretos.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública afirmou, também em nota enviada à Folha de S. Paulo, que participou de diversas reuniões interministeriais com o objetivo de redigir propostas para aprimoramento dos decretos citados.
Fonte: Poder360
Créditos: Polêmica Paraíba