Enquanto 38% dos candidatos nas eleições deste ano declararam não ter nenhum bem, outros não pouparam detalhes na hora de enviar seus dados de patrimônio para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Como a lei eleitoral não define o que deve ser informado, a lista está cheia de itens curiosos, inusitados ou mesmo inúteis. A relação tem de jegues a bitcoins, passando por jatinhos e 321 bens que valem menos de R$ 1.
Em linhas telefônicas fixas – que podem dar direito a ações das companhias telefônicas – 252 candidatos declaram ter R$ 671 mil.
Postulante a deputado estadual pelo PSDB de Minas Gerais, Mourão registrou R$ 40,4 mil nessa categoria. Logo depois aparece o candidato a deputado federal Adalberto Cavalcanti (Avante-PE), com R$ 20 mil, seguido pela também pleiteante à Câmara dos Deputados Angela Amin (PP-SC) e pelo candidato ao Senado Esperidião Amin (PP-SC), com R$ 16,8 mil cada um.
Mais de acordo com a realidade atual, 11 candidatos declaram seus aparelhos de smartphone ao TSE. Ao todo, foram declarados três iPhone: um modelo 8 Plus (R$ 5,3 mil), um 8 (R$ 3,4 mil) e outro 7 (R$ 2 mil). Outra marca citada foi a Samsung, com cinco aparições: dois aparelhos modelo J7 (R$ 1,2 mil e R$ 999), um A7 (R$ 1,3 mil), um J5 (R$ 799) e um S5 (R$ 600).
Animais variados
Mais de 50 candidatos informam ter animais em seu patrimônio. Vários outros dizem ser donos de fazendas, mas não detalham o rebanho. O maior da lista, avaliado em R$ 5 milhões, é de Cacildo (PP), que disputa uma vaga na Assembleia de Tocantins. São 5 mil cabeças de gado “entre bezerros(as), vacas, novilhas, touros, bois e animais de serviços”.
Entre as dezenas de milhares de cabeças de gado declaradas, destacam-se também outras espécies. Como os 50 cavalos da raça Manga Larga, no valor de R$ 150 mil, do deputado federal Arthur Maia (DEM-BA), candidato à reeleição. E as 60 cabeças de búfalos de Gentil Paske, candidato à Assembleia do Paraná pelo PV, avaliadas em R$ 100 mil.
Na lista, aparecem também as cabeças de asininos, equinos e muares de Vilmar de Oliveiras, candidato a deputado estadual no Tocantins pelo Solidariedade. São 58 jegues, cavalos e mulas avaliados em R$ 29 mil. Oliveiras é dono ainda de 2.592 bovinos e bufalinos (R$ 3,8 milhões), 163 caprinos e ovinos (R$ 16,3 mil) e 33 suínos (R$ 3,3 mil).
Arsenal
Candidato a deputado estadual pelo PHS no Pará, Dr. Allan Rendeiro declara ter 38 armas de fogo, avaliadas em R$ 101 mil, incluindo fuzis, carabinas, pistolas e revólveres. O arsenal tem peças para tiro esportivo e para colecionadores. Entre os itens estão os antigos fuzis Mauser alemães, as SKS chinesas e as carabinas Winchester norte-americanas.
Apenas cinco candidatos declaram ter armas. Além de Dr. Allan, os concorrentes a vagas de deputado federal Coronel Nilson Bezerra (PTC-PR) e Rodrigo Sousa Costa (Novo-RS) declaram ter uma pistola Taurus .40 e uma Glock 380, respectivamente. O candidato a deputado estadual Professor Reinaldo (PSC-PR) diz ter uma pistola calibre 380. Já o senador Roberto Requião (MDB-PR), que tenta a reeleição, declara ter uma “coleção de armas” no valor de R$ 10 mil.
Aviões, barcos e um drone
Ao todo, 71 candidatos declaram ter aeronaves, no valor de R$ 56,7 milhões. O maior valor é registrado pelo candidato a senador pelo PSDB de Tocantins Ataíde Oliveira: R$ 6,2 milhões. Ele não especifica, no entanto, os detalhes do avião. Em seguida, estão os candidatos a deputado federal Magda Mofatto (PR-GO) e João Gualberto (PSDB-BA).
Dos 190 candidatos que declaram ter embarcações, 51 têm mais de uma. Os concorrentes a vagas de deputado federal Marinaldo Rosendo (PP-PE) e deputado estadual Antonio Rocha (MDB-PA) têm cinco cada um. Rosendo tem motos aquáticas e lanchas avaliadas em R$ 355 mil. Já Rocha tem lancha, catamarã e barcos estimados em R$ 340 mil. Mas as frotas não chegam ao valor do barco mais luxuoso.
O candidato ao Senado pelo Paraná Professor Oriovisto Guimarães (Podemos) é o dono de um Intermarine 60, avaliado em R$ 4,9 milhões. Com comprimento de 60 pés (18,4 m) e capacidade para 21 pessoas, a embarcação tem três suítes e alcança velocidade máxima de 33 nós (61 km/h). O empresário paranaense é um dos fundadores do Grupo Positivo, que comandou por 40 anos.
Ele é seguido pelo advogado e político Sergio Zveiter (DEM), candidato à primeira suplência do Senado pelo RJ, que declara R$ 4,8 milhões em “embarcações”, mas não especifica quais. Em terceiro, está o presidenciável João Amoêdo, que declara R$ 4,1 milhões na categoria.
Oriovisto Guimarães é dono também do carro mais caro entre os citados nas declarações, um BMW X5 2014/2015, avaliado em R$ 559 mil.
O senador Fernando Collor (PTC) aparece em segundo lugar, com um Range Rover 2012, avaliado em R$ 497 mil. Os carros de luxo estimados em até R$ 3,9 milhões que foram apreendidos e depois devolvidos ao senador em 2016 não constam da declaração. Ele era candidato ao governo de Alagoas, mas desistiu nesta sexta-feira (14).
Entre os veículos há caminhões, carretas, tratores, motos e também um drone. Ícaro Francio Severo, candidato a deputado estadual pelo PSDB em Mato Grosso, declara um “Drone Mavic Pro Fly More Combo”, de R$ 5,6 mil.
Bitcoin e outros valores
Pelo menos sete candidatos declararam ter bitcoins. Desses, seis são do partido Novo e um do PSDB. O maior patrimônio em criptomoedas é do tucano Luiz Hauly Filho, candidato a deputado estadual no Paraná, com R$ 35 mil. Em seguida estão os candidatos a deputado estadual pelo Novo por Minas Gerais Luciana Lopes (R$ 23 mil) e por Sergipe Aurelio Barreto (R$ 12,2 mil).
As criptomoedas superam um investimento bem mais tradicional, o ouro. Apenas três candidatos declaram ter investido no metal, somando, ao todo 370 gramas, declaradas por R$ 20,4 mil. Os candidatos a deputado federal Diego Maia (Novo-DF), com 90 gramas (R$ 12,7 mil), e Professor Dionísio (PDT-PR), com 30 gramas (R$ 4,4 mil), encabeçam a lista. O candidato à primeira suplência do Senado pelo Ceará Gaudencio Lucena (MDB) declara ter 250 gramas em ouro, mas ao valor de apenas R$ 3,2 mil.
Já Professora Adriana, que disputa um cargo de deputada estadual pelo Pros no Paraná, declara uma coleção de moedas “em andamento”, no valor de R$ 5 mil.
Baixo valor
Livros, cartas e aparelhos de som em geral têm valores baixos para serem declarados. Mas há exceções. O DJ Naldo, que concorre a uma vaga pelo PSB na Assembléia do Amapá, registra uma aparelhagem de som no valor de R$ 90 mil.
Já o candidato a deputado estadual pelo PPL no Maranhão Sanches informa ter 25 mil livros e outros itens bibliográficos no valor de R$ 250 mil. André Brito, que concorre à Assembleia do RJ pelo MDB, registra uma coleção de cartas de jogo por R$ 20 mil.
Na outra ponta, os candidatos declararam 3,8 mil itens que valem menos de R$ 100 – ao todo, foram registrados este ano 92,5 mil itens. Na lista, há ainda 321 bens que valem menos de R$ 1, incluindo poupanças e contas correntes com saldo de centavos, participações em empresas e ações.
Entre eles, está a “participação com 30.000 cotas de CR$ 1,00 (um cruzeiro), no capital social da Radio Cabugi do Serido LTDA”, do candidato a senador pelo MDB no Rio Grande do Norte Garibaldi Filho. Convertidas para real, as cotas são avaliadas pelo político em R$ 0,01.
Fonte: G1
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