péssimo exemplo!

Cúpula do Exército reforça pressão para mandar Pazuello à reserva após ato com Bolsonaro causando grande aglomeração 

A cúpula do Exército reagiu mal à ida do general da ativa Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, ao ato político em companhia do presidente Jair Bolsonaro neste domingo, no Rio.

A cúpula do Exército reagiu mal à ida do general da ativa Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, ao ato político em companhia do presidente Jair Bolsonaro neste domingo, no Rio. A avaliação de militares graduados, segundo relatos colhidos pelo GLOBO, é a de que Pazuello deve ser pressionado a ir para a reserva após o episódio. Uma fonte ouvida considera que a semana poderá ser “decisiva” para o destino do militar.

A intenção de que o general pedisse aposentadoria já era presente entre o comando do Exército quando ele estava no cargo de ministro, mas agora se intensificou com a participação cada vez mais frequente de Pazuello em atos políticos ao lado de Bolsonaro, que tem levado o general a viagens pelo Brasil.

A ida de Pazuello ao ato deste domingo, contudo, deixou integrantes da cúpula do Exército especialmente irritados. Pazuello é um dos alvos recentes da CPI da Covid no Senado, além de enfrentar outras frentes de investigação de órgãos como o Ministério Público Federal e o Tribunal de Contas, por conta da condução do combate à pandemia como ministro da Saúde. O temor dos militares é que a presença do general em atos políticos arranhe a imagem da instituição, com uma associação indevida entre o Exército e o governo.

Eles apontam ainda que, além do incômodo provocado por Pazuello como ministro e agora alvo de CPI, há vedações expressas sobre militares participarem de manifestações políticas coletivas, segundo o Estatuto dos Militares e o Regulamento Disciplinar do Exército. O artigo 45 do Estatuto fala, por exemplo, que são “proibidas quaisquer manifestações coletivas, tanto sobre atos de superiores quanto as de caráter reivindicatório ou político”. Assim, como mostrou a colunista do GLOBO Malu Gaspar, a participação de Pazuello na manifestação também cria um dilema ao comando do Exército. Pelo menos em tese o comando do Exército deve puni-lo, mas, se o fizer, corre o risco de o presidente da República revogar a punição. A decisão caberá ao comandante Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.

Pazuello compareceu, neste domingo, a um ato com Bolsonaro que provocou grande aglomeração no Rio. Ele subiu no palanque com o presidente, sem máscara, na manifestação chamada por apoiadores e aliados de Bolsonaro de “motociata”, uma carreata puxada por motoqueiros que cortou diversos bairros da cidade.

Pazuello atuou durante a semana passada, em dois dias de depoimento na CPI da Covid no Senado, para blindar Bolsonaro de responsabilidades quanto a falhas na condução do enfrentamento à pandemia no Brasil. A fidelidade do general ao presidente, no entanto, pode complicar a vida de Pazuello no Exército.

Reservadamente, generais afirmam que a previsão já é de que Pazuello esteja próximo de ir para a reserva, mas o episódio deste domingo poderá abreviar a aposentadoria do general. Há também uma preocupação com o exemplo que o ex-ministro pode passar aos demais integrantes da Força, incentivando a politização nos quarteis.

Fonte: POLÊMICA PARAÍBA
Créditos: O Globo