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CPI da Covid: paciente da Prevent relata ter recebido 'kit covid' em casa sem diagnóstico

A CPI da Covid ouve nesta quinta-feira, 7, Tadeu Frederico Andrade, beneficiário da Prevent Senior, e Walter Correa de Souza Netto, ex-médico da empresa operadora de planos de saúde. Em fala inicial, Tadeu afirmou que é “testemunha viva da política criminosa da corporação e de seus dirigentes”, em referência à Prevent Senior.

A CPI da Covid ouve nesta quinta-feira, 7, Tadeu Frederico Andrade, beneficiário da Prevent Senior, e Walter Correa de Souza Netto, ex-médico da empresa operadora de planos de saúde. Em fala inicial, Tadeu afirmou que é “testemunha viva da política criminosa da corporação e de seus dirigentes”, em referência à Prevent Senior. Segundo o depoente, após relatar febre e dores no corpo em uma teleconsulta de 10 minutos, uma médica da operadora encaminhou o chamado ‘kit covid’ para sua casa, sem realização de exames ou diagnóstico. O uso do medicamento se deu por cinco dias e, após a piora, Tadeu foi internado.

O paciente também fez, durante o tratamento de cinco dias, um exame para confirmar se, de fato, estava infectado com a covid-19. A confirmação saiu ao final do período de tratamento e, após uma piora no seu quadro, Tadeu se direcionou a uma unidade da Prevent, onde foi imediatamente internado.

“Eu tive que ir para um pronto-socorro da Prevent Senior e fiz novamente um exame de PCR. Deu positivo e também foi confirmado que eu estava com pneumonia bacteriana, só que avançada já. Eu acredito, senador, que um atendimento pronto, imediato, talvez a minha pneumonia tivesse sido combatida mais eficientemente”, disse o depoente.

Tadeu relatou que o período de UTI durou cerca de 30 dias e, nesse período, sua filha recebeu uma ligação da dra. Daniela de Aguiar Moreira da Silva comunicando que ele passaria a receber os chamados “tratamentos paliativos” e seria encaminhado a um “leito híbrido”. Lá, segundo a médica, ele teria “maior dignidade e conforto” e seu óbito ocorreria em “poucos dias”. Segundo parlamentares, a medida era adotada pela operadora de saúde para retirar pacientes dos leitos de UTI e reduzir custos.

“Lá, seria ministrada em mim uma bomba de morfina, e todos os meus equipamentos de sobrevivência na UTI seriam desligados. Inclusive, se eu tivesse uma parada cardíaca, existia a recomendação para não haver reanimação”, contou à CPI.

O depoente também conta que a mesma médica adicionou em seu prontuário, sem autorização da família, o início do tratamento paliativo. No prontuário, segundo Tadeu, estava descrito que “em contato com a filha, Maíra, a mesma entendeu e concorda [com o tratamento]”.

Posteriormente, Tadeu conta que suas duas filhas e sua irmã tiveram uma reunião com a dra. Bianca de Carvalho Perri, identificada como médica paliatista da Prevent Senior e outros dois médicos, Fábio e Gustavo dos Santos. No encontro, a família reiterou que não concordava com o tratamento paliativo e ameaçou ir à Justiça e à imprensa. A Prevent Senior, então, recuou do tratamento.

“Em poucos dias, eu estaria vindo à óbito, e hoje estou aqui”, disse o depoente de forma emotiva.

O paciente relatou que ficou internado 120 dias e foi intubado duas vezes. Ele teve pneumonia, passou por hemodiálise e traqueostomia, além de ter sofrido com outros problemas por consequência da covid-19.

‘Eu não fui o único’

Tadeu acredita que outros pacientes da Prevent Senior foram encaminhados para os chamados “cuidados paliativos”.

“Uma das minhas filhas relatou que fez amizade com uma mulher que estava acompanhando a avó dela num leito de UTI próximo ao meu. Elas se encontraram várias vezes e, pelo que a gente sabe, essa senhora foi para cuidados paliativos e veio a óbito. Então, eu não posso generalizar, mas esse caso minha filha testemunhou, uma parente dessa senhora relatou isso. Eu não fui o único. Acredito que muitos mais tenham ido a cuidados paliativo”, disse o depoente.

Paciente da Prevent

O paciente da Prevent Senior ouvido pela CPI nesta quinta, Tadeu Frederico Andrade, parou para falar com jornalistas ao chegar ao Senado. Questionado sobre como foi sua recuperação, ele afirmou que teve que fazer fisioterapia por 90 dias. Segundo o depoente, seu estado piorou porque ficou 5 dias em casa ao invés de ter sido internado.

“Inclusive, tive que ter acompanhamento psiquiátrico, porque entrei em uma depressão profunda. Hoje estou bem, vim de São Paulo para Brasília sozinho, sem nenhum acompanhante”, disse com voz embargada.

Conitec

A CPI aprovou requerimento do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) que pede ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, o esclarecimento, em até 24 horas, da retirada da pauta de votação de um relatório contrário ao tratamento precoce.

A Conitec é a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. O requerimento também pede o envio do relatório na íntegra.

 

Fonte: O Dia
Créditos: Polêmica Paraíba