Nota

Considerado foragido, paraibano investigado por ato golpista diz que rompeu a tornozeleira porque "queria ter paz"

Considerado foragido, paraibano investigado por ato golpista diz que rompeu a tornozeleira porque "queria ter paz"

Marinaldo Adriano Lima da Silva, de 23 anos, um dos paraibanos investigados nos atos golpistas de 8 de janeiro, que foi declarado foragido após romper a tornozeleira eletrônica, justificou que tomou a atitude porque “queria ter paz”. Segundo ele, enfrentava dificuldades desde que saiu do sistema prisional.

O jovem havia recebido liberdade provisória, sob medidas cautelares determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. O rompimento da tornozeleira foi comunicado oficialmente à Corte pelo Tribunal de Justiça da Paraíba.

Marinaldo conta que após morar no Conde com a mãe, em condições precárias, foi forçado a retornar ao bairro das Indústrias, em João Pessoa, onde passou a sofrer ameaças por estar com a tornozeleira.

Um rapaz da OKD me viu na frente de casa com a tornozeleira e achou que eu estava envolvido em coisa errada. Tiraram uma foto minha e jogaram no grupo da OKD. Desde então, comecei a viver com medo, medo de ser julgado, de sofrer alguma represália, de estar em perigo dentro do meu próprio bairro

O jovem também relatou problemas de saúde:

Tenho escoliose tipo C e uma hérnia de disco que me causam dores constantes. Às vezes eu nem conseguia levantar direito da cama — contou, ao justificar a dificuldade de cumprir a exigência de carregar a tornozeleira por 1h30 diariament

Além dele, outros quatro investigados da Paraíba ligados aos atos de 8 de janeiro descumpriram medidas impostas pelo STF, conforme comunicado da Vara de Execução Penal da Paraíba.

Veja na íntegra, a nota divulgada por Marinaldo

Morei no Conde porque minha mãe estava sem condições de pagar aluguel. Era uma situação muito difícil… o lugar era cheio de muriçocas, a casa mal ventilada, e a gente vivia no aperto. Eu fazia o possível pra seguir tudo certo, mas não consegui continuar carregando a tornozeleira por 1h30 como era exigido.

Além disso, deixei de assinar porque tenho escoliose tipo C e uma hérnia de disco que me causam dores constantes. Às vezes eu nem conseguia levantar direito da cama. É difícil explicar o que é viver com dor e medo ao mesmo tempo.

Voltamos para o bairro das Indústrias. Foi aí que um rapaz da OKD me viu na frente de casa com a tornozeleira e achou que eu estava envolvido em coisa errada. Ele chamou os amigos, tiraram uma foto minha e jogaram no grupo da OKD. Desde então, comecei a viver com medo, medo de ser julgado, de sofrer alguma represália, de estar em perigo dentro do meu próprio bairro.

A pressão foi tanta que eu acabei cortando a tornozeleira. Não por maldade, mas por desespero. Só queria ter um pouco de paz.