atos antidemocráticos

Conheça o perfil de advogados que estão presos por participarem de atos de vandalismo em Brasília

Uma reportagem divulgada pela Lupa, da UOL, apresentou o perfil de seis advogados que foram detidos por participarem, no dia 08 de janeiro, dos atos golpistas em Brasília, que resultaram em vandalismo e levaram para a cadeia cerca de 1300 participantes.

Foto: reprodução / Internet
Uma reportagem divulgada pela Lupa, da UOL, apresentou o perfil de seis advogados que foram detidos por participarem, no dia 08 de janeiro, dos atos golpistas em Brasília, que resultaram em vandalismo e levaram para a cadeia cerca de 1300 participantes.
Segundo o Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF), ao menos 10 advogados estão detidos em uma sala do Núcleo de Custódia da Polícia Militar (NCPM). Por serem advogados, eles têm direito a ficarem recolhidos em espaços sem grades, nas dependências de unidades militares.
Com isso, a Lupa identificou seis perfis nas redes desses profissionais que, ao atacarem a democracia, demonstraram condutas incompatíveis com o Estatuto da Advocacia. Todos com situação regular na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
Um deles é Milton Alves Cardoso Junior (OAB 50657-PR), de 53 anos. Especialista em planejamento patrimonial, o advogado coordena um escritório de advocacia em Curitiba (PR). Nas redes sociais, fez publicações de cunho golpista, postou fotos e vídeos de pessoas acampadas nas portas dos quartéis do Exército e demonstrou não aceitar o resultado das eleições de 2022. “O Brasil nunca se renderá a um ditador. O poder emana do povo”, diz trecho de um vídeo compartilhado no Facebook em 4 de janeiro. Sua situação no cadastro da OAB é regular.
Dia antes dos atos, em 5 de janeiro, Cardoso Junior compartilhou um vídeo convocando patriotas para irem até Brasília. A gravação é uma espécie de “comunicado oficial”, que reuniu personalidades bolsonaristas e influencers. “É a última chance que temos para não deixar que o nosso Brasil vire um país comunista”, afirma uma das pessoas no vídeo.
Outro advogado que também está preso é Antonio Valdenir Caliare (OAB 13443-MT), de 56 anos, de Juína (MT). No Facebook, o advogado compartilhou postagens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por quem manifestou apoio durante as eleições. “Brasil acima de tudo. Deus acima de todos!”, escreveu, fazendo referência ao slogan de Bolsonaro. A situação de Caliare consta como regular no cadastro da OAB. 
Nara Faustino de Menezes (OAB 192211-SP), de 43 anos, é uma das três advogadas mulheres que foram transferidas para a sala especial da Polícia Militar. Especialista em saúde e segurança do trabalho, ela é dona de um escritório de advocacia em Ribeirão Preto (SP). 
No dia dos atos em Brasília, Nara usou sua conta pessoal no Instagram, que não está mais disponível, para incitar ações. “Precisamos de todos os patriotas unidos para vencermos o comunismo que o lulapetismo quer nos impor”, diz parte do texto publicado pela advogada.
Na mesma publicação (veja abaixo), ela ainda expressou recusa em aceitar a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas. “Não será meia dúzia de mercenários covardes que impedirȧ que o povo faça o que tem que ser feito para tirar os bandidos do poder”, afirmou. A situação de Nara também é regular no cadastro da OAB.
Há ainda, entre os presos, o advogado mineiro Thiago Queiroz (OAB 129893-MG), igualmente com situação regular na OAB. Natural de Patos de Minas (MG), ele transmitiu ao vivo a invasão ao Congresso Nacional.
“Olha, tudo quebrado aqui. Não sobrou nada […] Tomamos o Congresso. Agora é nosso. Nós é que mandamos aqui” diz Thiago em um dos vídeos publicados em seu perfil do Facebook. Até quarta-feira (18), o conteúdo ainda estava disponível na plataforma.
Outros dois advogados identificados pela Lupa entre os presos pelos atos golpistas foram: Luis Carlos de Carvalho Fonseca (OAB 69545-BA) e Luiz Gustavo Sulzbacher (OAB 17961-RS).
Coletivo quer punição para advogados envolvidos
Diante do envolvimento de advogados nos atos golpistas, o coletivo Ordem Democrática criou um canal de denúncias a fim de reunir fotos e vídeos de profissionais com registro regular na OAB que estiveram presentes nos ataques ou apoiaram sua realização.
A advogada Renata Amaral, representante do movimento, acredita que o número de advogados presos e envolvidos nos atos seja superior ao que foi divulgado até o momento. O grupo está fazendo um levantamento das informações e pretende solicitar o afastamento dos profissionais cuja participação for confirmada.
“A intenção é atuar para que seja instaurada a devida apuração das condutas praticadas por advogados(as) sob o ponto de vista jurídico, com respeito ao devido processo legal e ampla defesa, tipificadas como crimes contra o Estado Democrático de Direito pelo Código Penal Brasileiro e, portanto, incompatíveis com o exercício da advocacia”, destacou.
As denúncias podem ser feitas por meio do email [email protected].
Lupa entrou em contato com todas as pessoas citadas, mas não obteve retorno até a publicação da reportagem. No caso da advogada Nara Faustino, uma familiar atendeu ao telefone e informou que não falaria sobre o assunto. Já a defesa de Luiz Gustavo Sulzbacher disse que “acha intempestiva qualquer manifestação neste momento”.
Por meio de nota, a Seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-DF) disse que “qualquer denúncia sobre a atividade de advogados deve ser formalizada junto ao Tribunal de Ética e Disciplina (TED)” e que, ao longo do processo, “julgará a conduta dos profissionais”.
A Ordem ainda informou que não poderia fornecer informações sobre os advogados presos porque o processo corre sob sigilo e que solicitou, na quarta-feira (18), ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes, “a lista de advogados presos nas manifestações, com o objetivo de analisar eventuais infrações éticas e instaurar os processos”.

Fonte: Lupa
Créditos: Polêmica Paraíba