O Brasil venceu, pela primeira vez, o Prêmio Fóssil do Ano, entregue pela ONG Climate Action Network (CAN) desde 1999 para os países que “fazem o ‘melhor’ para bloquear o progresso nas negociações nos últimos dias de conversas”.
A “honraria” é resultado do desempenho da delegação nacional durante a Conferência do Clima (COP-25), em Madri. Ao longo da convenção, o país também ganhou duas vezes o prêmio Fóssil do Dia.
A láurea é apresentada com a música tema do filme “Jurassic Park” por dois apresentadores, um vestido de dinossauro e o outro, de esqueleto. O nome do Brasil foi apresentado sob vaias.
O esqueleto, mestre da cerimônia, lembrou que o país era exaltado pelo mundo inteiro até o ano passado, pelo “impressionante corte de emissões durante a última década”. Agora, no entanto, tornou-se um “pária”, sob o governo de “ultradireita” do presidente Jair Bolsonaro.
“Os resultados são a maior taxa de desmatamento da Amazônia em uma década, invasões de terra e o assassinato de três líderes indígenas somente esta semana”, disse o apresentador.
Segundo a CAN, a delegação brasileira na COP-25 foi liderada pelo “ministro do Meio Ambiente e negacionista climático Ricardo Salles“, que tentou “subornar países ricos para que lhe dessem dinheiro para aumentar o desmatamento na Amazônia. Isso claramente não funcionou, então Salles começou a criticar a própria meta brasileira de redução de emissões”.
A ONG também acusa a delegação brasileira de bloquear a menção a direitos humanos e a expressão “emergência climática” no documento final da COP, que ainda não foi apresentado: “Jair Bolsonaro é, sem dúvidas, uma bomba de carbono ambulante”.
A taça foi entregue à indígena Jacira Borari, de 24 anos, da etnia Borari, de Alter do Chão (PA). Segundo ela, os indígenas tentaram, sem sucesso, um encontro com Salles durante a COP.
A jovem também afirmou que os dados de desmatamento apresentados pelo governo federal são “maquiados”.
“Não me surpreende a vitória do Brasil no Fóssil do Ano. Quem veio aqui (na delegação brasileira) veio fazer comércio. Mas a Floresta Amazônica não está à venda. Os povos originários moram lá. E nós somos a floresta e não estamos à venda”.
Fonte: Exame
Créditos: Exame