Em artigo deste domingo (6), o jornalista Janio de Freitas afirma que não foram desconectados os fatos que encerraram a semana passada elevando ao máximo o clima de instabilidade política no país – a divulgação da suposta delação de Delcídio Amaral e a operação da Lava Jato que levou Lula coercitivamente para depor. “O que se passou de quinta (3) para a sexta (4) passadas não foram ocorrências desconectadas. Foram fatos combinados para eclodirem todos de um dia para o outro, com preparação estonteante no primeiro e o festival de ações no segundo”, diz.
Janio lembrou que “o texto preparado na Lava Jato para entrega ao Supremo Tribunal Federal, como compromisso de delação de Delcídio do Amaral, está pronto desde dezembro”, esperando a melhor ocasião. O jornalista aponta uma “situação curiosa” neste caso: “o Delcídio tratado como parlapatão, pelo que disse ao Cerveró filho, merece crédito absoluto quando incriminador de Dilma e Lula, e volta a ser declarante desprezível quando nega as incriminações. Uma oscilação que pode ser política ou ter qualquer outra origem, mas jornalística não é”.
Sobre as ações da sexta, Janio questiona declaração do procurador Carlos Fernando dos Santos Lima que disse desconfiar da relação de Lula com as empreiteiras. “Mas procurador e policial que desconfia não vão para os jornais. Vão trabalhar. Para esclarecer sua desconfiança e dar ao país informações decentes”, frisa o jornalista.
“Nos seus dois anos de ação que se completam neste março, o juiz, os procuradores e os policiais da Lava Jato vieram em crescendo incessante nos excessos de poder, mas o ambiente em que esbanjaram arbitrariedade não é mais o mesmo. O exagero de prepotência faz emergirem reações em ao menos três níveis”, afirma.
Ele também destaca a análise do ministro Marco Aurélio de Mello sobre os excessos da Lava Jato: “”Precisamos colocar os pingos nos is. (…) Amanhã constroem um paredão na praça dos Três Poderes”. Apontava a ilegalidade da decisão de Moro referente a Lula, e foi forte: “paredão” remeteu ao “paredón” dos fuzilamentos nos primórdios da revolução cubana. Considera que Moro age por critério seu, não pelos da legislação. O resultado são “atos de força”. E “isso implica retrocesso, não avanço”. Marco Aurélio não falou só por falar”.