Irresponsabilidade

"Bolsonaro vai fazer com que muita gente não se vacine", afirma governador do ES

Postura do presidente preocupa os governadores, porque qualquer vacina precisa de uma cobertura mínima para fazer efeito

Renato Casagrande (PSB), governador do Espírito Santo, se reuniu ontem com Jair Bolsonaro (sem partido) e saiu deixando claro que discorda da posição do presidente sobre a vacinação obrigatória contra a covid-19 – o presidente é contrário à obrigatoriedade. Na opinião de Casagrande, o posicionamento de Bolsonaro pode prejudicar os brasileiros.

“A negação à ciência pode atrapalhar o plano de imunizar os brasileiros. A posição do presidente vai fazer com que muita gente não se vacine. Essa negação à ciência pode causar mais demora para que o país atinja a imunidade de rebanho. Isso é uma preocupação a mais que temos”, disse Casagrande à coluna de Bela Megale, no jornal O Globo.

O governador do Espírito Santo disse que “a maioria dos governadores não quer briga”, mas todos desejam uma solução para a pandemia, pois a previsão dele é de um “verão desesperador”.

Bolsonaro, que teve comportamento negacionista durante toda a pandemia do novo coronavírus, agora tem lançado dúvidas sobre a vacina. Ontem, ele destacou possíveis efeitos colaterais dos imunizantes e disse que quem quiser ser vacinado terá que assinar um termo de responsabilidade. Ao mesmo tempo, porém, afirmou que assinará uma Medida Provisória de R$ 20 bilhões para compras de quaisquer vacinas.

A postura do presidente preocupa os governadores, porque qualquer vacina precisa de uma cobertura mínima para fazer efeito. Um estudo publicado em agosto indica que, se um imunizante contra o coronavírus tiver eficácia de 80%, ele precisa ser aplicado em pelo menos 75% da população para acabar com a pandemia.

Se essa adesão mínima não for atingida, o vírus continua circulando, infectando pessoas, deixando sequelas e, em alguns casos, causando mortes. O sarampo, por exemplo, havia sido erradicado nas Américas em 2016, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), mas voltou a ser alvo de preocupação em 2018, após dois surtos da doença no Brasil e redução de presença nas vacinações.

Fonte: UOL
Créditos: Polêmica Paraíba