Se estivesse bem na foto, o presidente Jair Bolsonaro suplicaria para ser entrevistado ao vivo pela Rede Globo de Televisão, agora ou quando começar oficialmente a próxima campanha eleitoral?
Claro que não. Mas foi o que ele fez, ontem, ao ser entrevistado pelo jornal Gazeta do Povo, do Paraná, veículo simpático à sua candidatura. Disse Bolsonaro:
“Pretendo ir a todos os debates. Em 2018, compareci a dois, e depois levei uma facada, sobrevivi por milagre. Faço um desafio, mais uma vez: TV Globo, me entreviste ao vivo.”
Não cabe a candidato pedir que seja entrevistado. Muito menos estabelecer condições para tal. A fala de Bolsonaro pode indicar que ele se prepara para fugir de debates, e não o contrário.
Em 2018, o Jornal Nacional entrevistou ao vivo os principais candidatos, e a Globo News também. Bolsonaro tratou as duas emissoras como se fossem adversárias suas.
Foi agressivo, debochou de perguntas que lhe fizeram e, a certa altura, citou o jornalista Roberto Marinho, fundador do grupo de comunicação, como um dos apoiadores da ditadura militar de 64.
A Globo sentiu-se obrigada a responder aos seus ataques por meio de um editorial lido enquanto uma das entrevistas, a da Globo News, ainda estava no ar. Bolsonaro posou de herói.
A Globo aprendeu a lição. Cobrirá as atividades dos candidatos, registrará suas declarações contrapondo-as à realidade e promoverá debates com regras rígidas.
Se Bolsonaro quiser comparecer aos debates da Globo, será admitido. Se tentar desrespeitar as regras, será silenciado como qualquer um dos demais que proceder assim.
Quanto a Lula… Ele ainda não decidiu se irá a todos os debates. O mais provável é que só vá a alguns. Não quer ser vítima do SBT (Sistema Bolsonarista de Televisão). De rádio também.
Fonte: Metrópoles
Créditos: Polêmica Paraíba