O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta segunda – feira (15), durante evento “Invest in Brasil Forum” , em Dubai, que a floresta Amazônica está “exatamente igual quando [o Brasil] foi descoberto no ano de 1500”. O presidente também disse que as críticas que o Brasil recebe sobre a floresta “não eram justas”. As informações do G1.
“A Amazônia é um patrimônio, a Amazônia é brasileira. E vocês lá comprovarão isso e trarão realmente uma imagem que condiz com a realidade. Os ataques que o Brasil sofre quando se fala em Amazônia não são justos. Lá, mais de 90% daquela área está preservada, está exatamente igual quando foi descoberto no ano de 1500”, disse.
“O fato de a floresta não pegar fogo, isso é uma meia verdade. Ela não cria incêndios florestais, porque é uma floresta úmida. A floresta não pega fogo naturalmente – mas se alguém colocar fogo nela, ela incendeia”, afirma Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.
“Por isso que a gente fala que os incêndios na Amazônia, as queimadas, elas são criminosas. Então pega fogo, sim, na floresta – quando você tem o crime ambiental agindo, em 99% das vezes”, conclui.
A afirmação é semelhante a uma que o presidente fez em discurso na ONU no ano passado. Uma checagem do Fato ou Fake já havia apontado que ela é falsa.
“Afirmar que a floresta é úmida como um todo era algo verdadeiro há 60 ou 70 anos; hoje, com 20% desmatado, isso não é mais um fato”, explicou o ambientalista Antonio Oviedo, assessor do Instituto Sócio-Ambiental (ISA), ONG presente na Amazônia há 25 anos.
“Ela é úmida em áreas como no interior do Rio Solimões ou no Alto do Rio Negro, onde não tem muitas estradas, mas mesmo lá o fogo já tem entrado, por conta do desmatamento. Quando se fragmenta a floresta em blocos, vem o efeito de borda. Quanto mais bordas tiver, mais seca fica, e facilita a entrada do fogo”, afirmou Oviedo.
A diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Ane Alencar, reforçou que “o desmatamento, a exploração da madeira e outras atividades humanas mudam a condição da floresta úmida como barreira ao fogo”. O Ipam trabalha desde 1995 pelo desenvolvimento sustentável na região.
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) também apontam, de forma repetida, os focos de incêndio acima da média na floresta nos últimos meses. Em junho, houve o maior número de focos para o mês em 14 anos; em julho, foram quase 5 mil focos; em agosto, 28 mil.
Fonte: G1
Créditos: Polêmica Paraíba