Após o Jornal Nacional subir o tom e questionar o presidente da República em um editorial sobre as mais de 100 mil mortes por Covid-19 no Brasil, no último sábado (8), Jair Bolsonaro ameaçou procurar a Justiça para pedir esclarecimentos à Globo. Em sua live semanal, sem citar o noticioso nominalmente, o político disse que o telejornal apresentado por William Bonner e Renata Vasconcellos o acusou de ser genocida.
Ao tratar sobre os casos de Covid-19, o presidente disse que há poucos dias um “órgão de imprensa grande” o acusou de ser o responsável por 100 mil mortes, o que, segundo ele, “não tem cabimento”. “Desde antes do Carnaval, nós estamos tomando medidas concretas”, defendeu.
Para justificar suas ações, Bolsonaro leu uma portaria assinada pelo então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em 20 de março. O documento determinava o isolamento domiciliar para pessoas que tivessem problemas respiratórios. O chefe do Executivo chamou o ex-ministro de “marqueteiro da Globo” e falou que essa foi uma medida que não deu certo.
“A história vai mostrar onde se errou, ou não, e se poderiam ter se evitado mortes. Seria impossível evitar todas as mortes, mas mortes poderiam ter sido evitadas”, alegou o presidente, que voltou a mostrar uma caixa de hidroxicloroquina.
Na sequência, Bolsonaro citou as ações que pretende tomar contra a Globo. “Vamos tentar a responsabilização e o esclarecimento da verdade no tocante a essa matéria, porque não dá para a gente não se defender disso. Uma acusação de genocida para cima de mim no horário nobre, ou que eu sou o responsável e que deveria cumprir a Constituição”, reclamou Bolsonaro na noite de quinta (13).
Ele ainda citou uma das perguntas feitas por William Bonner durante o editorial. “Será que o presidente está cumprindo a Constituição?”, e continuou: “Com tudo o que nós fizemos? Quase R$ 700 bilhões [investidos], de uma forma ou outra, pra combater o vírus e evitar o desemprego”, se defendeu ele.
Veja abaixo, a partir dos 33 minutos e 40 segundos, o momento em que Bolsonaro rebate o editorial do JN e cita as medidas que defende contra a Covid-19:
Jornal Nacional cobra Bolsonaro
Apesar de não terem dito que Bolsonaro era genocida, na edição de sábado do JN, William Bonner e Renata Vasconcellos subiram o tom. Os âncoras dispensaram o habitual “boa noite” ao iniciar a escalada do noticiário e foram direto ao assunto. Com pausas dramáticas e semblantes apreensivos, eles apontaram os erros do presidente da República ao citar as mais de 100 mil mortes por Covid-19 no Brasil.
“Primeiro o presidente menosprezou a Covid. Chamou de gripezinha. Depois, quando um repórter pediu que ele falasse sobre o número alto de mortes, Bolsonaro disse que não era coveiro. Disse duas vezes ‘não sou coveiro’. Quando os óbitos chegaram a 5 mil, a resposta dele a um repórter foi um ‘e daí?'”, relembrou Bonner.
“Agora, o presidente repete que a pandemia é uma chuva e que todos vão se molhar. Ou que a morte é o destino de todos nós e que temos de enfrentar a doença, como se fosse uma questão de coragem. Como se nada pudesse ter sido feito”, continuou.
“É necessário relembrar a Constituição, porque isso nos levanta uma pergunta importantíssima. Nós já mostramos o que diz o artigo 196: ‘É dever das autoridades que governam o país implementar políticas que visem reduzir o risco de doenças'”, disse Renata.
“E a pergunta que se impõem é: O presidente da República cumpriu esse dever? Entre os governadores e prefeitos, quem cumpriu? Quem não cumpriu? Mais cedo ou mais tarde, o Brasil vai precisar de respostas para essas perguntas. É assim nas democracias e nas repúblicas, em que todos temos direitos e deveres e onde ninguém está acima da lei”, acrescentou a jornalista.
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Fonte: Notícias da TV
Créditos: Polêmica Paraíba