Reação

Bolsa sobe quase 2% após atentado contra Bolsonaro

Victor Candido, economista-chefe da Guide, relata que a reação do mercado financeiro foi imediata. "Viramos para ver as imagens na TV, a Bolsa tinha subido."

A Bolsa brasileira disparou após o presidenciável JairBolsonaro (PSL) ser esfaqueado, na tarde desta quinta-feira (6), enquanto ele fazia campanha em Juiz de Fora (MG). O dólar fechou o dia em queda de quase 1%.

O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, que chegou a cair no começo da tarde mas registrava alta modesta antes do atentado, avançou para a máxima de 76.533 pontos (1,94%). O índice terminou em alta de 1,76%, a 76.416 pontos, destoando do dia majoritariamente negativo nas Bolsas estrangeiras.

Victor Candido, economista-chefe da Guide, relata que a reação do mercado financeiro foi imediata. “Viramos para ver as imagens na TV, a Bolsa tinha subido.”

O candidato preferido do mercado financeiro para a presidência é Geraldo Alckmin (PSDB), considerado o mais comprometido com as reformas consideradas necessárias para a retomada da economia. O tucano, no entanto, patina nas pesquisas de intenção de voto, enquanto Bolsonaro lidera a corrida presidencial.

Se Bolsonaro não é o preferido, é considerado uma opção a candidatos mais à esquerda do espectro político, como Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e Fernando Haddad (PT), que deve substituir o ex-presidente Lula como candidato do PT. Há ainda a figura do economista Paulo Guedes, quem Bolsonaro diz que seria o ministro da Fazenda em um eventual governo, que é visto com bons olhos pelo mercado financeiro por seu perfil liberal.

Alvaro Bandeira, sócio e economista-chefe da Modal mais diz que a alta na Bolsa após o ataque poderia sinalizar que o mercado está aderindo à candidatura de Bolsonaro. E acrescenta que a exposição que o presidenciável terá na imprensa após o episódio deverá ajudá-lo a angariar votos.

Para o cientista político e professor do Insper, Celso Melo, a reação do mercado financeiro é de curtíssimo prazo porque desconsidera uma eventual piora nas condições para fazer negócios nesse novo ambiente político.

“Se a gente conseguiu construir um ativo nas últimas décadas foi a democracia”, diz. Para ele, é a democracia que deixa as regras claras e permite a tomada de decisões econômicas, o que pode se perder com uma eventual eleição de um candidato que seja visto como salvador da pátria, como pode ser Bolsonaro nesse novo contexto.

“Um salvador da pátria vai tornar tudo impossível de prever. O mercado está pensando no curtíssimo prazo”, afirma Melo. O dólar, que oscilava pouco durante o dia, ampliou a queda para 0,94% e fechou o dia a 4,1050.

Fonte: Folha de São Paulo
Créditos: Folha de São Paulo