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Autores da denúncia contra Lula rebatem críticas de que julgamento foi político

Autores da denúncia contra Lula rebatem críticas de que julgamento foi político

Os dois principais autores da denúncia que resultou na confirmação da condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta quarta-feira, 24, se manifestaram publicamente sobre o julgamento e procuraram afastar as críticas de que o processo foi político, como sustenta o petista. A mesma linha de defesa foi adotada pelo juiz Marcelo Bretas, responsável pela Operação Lava Jato no Rio de Janeiro.

Acusados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de formularem uma denúncia sem provas, os procuradores Deltan Dallagnol e Carlos Fernando dos Santos Lima, da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba (PR), afirmaram que o julgamento do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) comprova que o processo obedeceu a critérios técnicos.

Na noite desta quarta-feira, 24, Deltan Dallagnol disse que a atuação do procurador Maurício Gotardo Gerum e dos magistrados que confirmaram a condenação de Lula foi técnica. “Deixo o meu reconhecimento pela atuação firme, imparcial e de alta qualidade técnica do procurador e dos desembargadores”, escreveu Dallagnol, no Facebook.

“No Ministério Público, como no Judiciário, cada procurador segue a Constituição, a lei e a sua consciência”, destacou Dallagnol, que no dia 14 de setembro de 2016 anunciou a primeira denúncia contra Lula na Lava Jato, com uma apresentação de PowerPoint e colocando o petista como peça central e “comandante máximo” no esquema de corrupção na Petrobras.

Na publicação, Deltan Dallagnol compartilhou um vídeo com a sustentação oral de Gerum durante o julgamento e pediu aos internautas para que se concentrassem nos 5 primeiros minutos da fala, tempo em que o procurador rebateu as críticas de que o processo é político, e não jurídico. “Uma tropa de choque com atuação nos mais diversos espectros foi criada para garantir a perpetuação de um projeto político pessoal que não admite outra solução nesse processo que não seja a absolvição”, discursou.

Já Carlos Lima, mentor das delações premiadas da operação, publicou um artigo na edição desta quinta-feira, 25, do jornal Folha de S. Paulo afirmando que “ao final prevaleceram os fatos” no julgamento de Lula. “Não se julgou a figura histórica de Luiz Inácio Lula da Silva ou a sua possibilidade de se candidatar à Presidência da República nas próximas eleições”, escreveu. “Luiz Inácio foi julgado conforme a lei.”

Os procuradores têm falado, em suas manifestações públicas, que a Lava Jato só terá efeito positivo se a população eleger neste ano candidatos comprometidos com o combate à corrupção. Em seu artigo, Lima defendeu que o julgamento do petista precisa ser analisado sem considerar os efeitos eleitorais. “A justiça foi feita. Que venham recursos sobre questões de direito e que sejam julgados devidamente. Quanto às próximas eleições, que Deus nos dê sabedoria.”

Bretas. Longe dos processos que envolvem Lula, e responsável pela Lava Jato no Rio e pela prisão de outros políticos notáveis, como o ex-governador Sérgio Cabral (MDB), o juiz Marcelo Bretas usou seu perfil no Twitter para defender o resultado do julgamento que, além de manter a condenação, aumentou a pena de Lula.

Bretas disse que o mais importante é que a Justiça é “transparente” e “imparcial” em suas decisões, “sujeitas ainda a vários recursos.” O juiz classificou as discordâncias com o resultado da sentença como “inconformismo”. “Eventual reclamação pública é, apenas, inconformismo de quem tem seu interesse contrariado”, escreveu.

Fonte: Daniel Weterman
Créditos: Estadão