Uma reportagem da CNN na noite da segunda-feira (07) detalha o motivo da não nomeação da médica infectologista Luana Araújo para a Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, do Ministério da Saúde. Um levantamento feito por assessores do Governo Bolsonaro nas redes sociais da médica colecionou críticas a forma como o governo conduz a pandemia. O veto ao seu nome deverá ser explorado na CPI da Pandemia nesta terça-feira (08), quando o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, voltará à comissão.
Assessores do presidente elaboraram um relatório com postagens de Luana contra o tratamento precoce, que tem ineficácia comprovada, e contra a imunidade de rebanho, defendida pelo governo. O procedimento é chamado internamente de “dados abertos”, pois tem como base dados públicos. O documento, então, chegou à mesa do presidente, que disse diretamente ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que não haveria condições para a sua nomeação.
Isso ocorreu após o nome dela ter sido aprovado no Sinc, sigla para Sistema Integrado de Nomeações e Consultas, que é o sistema que rastreia o histórico das nomeações para verificar se há algum impeditivo legal na nomeação de alguém. Luana passou por todos os órgãos do Sinc, como Abin e Casa Civil. Em razão disso, seu nome foi anunciado no dia 12 de maio. Dez dias depois, no dia 22 de maio, conforme seu nome não era publicado no Diário Oficial, ela desistiu da função. Foi nesse meio tempo que o relatório chegou ao presidente.
À CPI, porém, a infectologista disse não ter tido uma explicação detalhada do motivo de sua dispensa pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Mas que o ministro lhe disse que o nome não passaria. “Ele me disse que lamentava, mas que meu nome não iria passar pela Casa Civil”, afirmou aos senadores. Pessoas próximas à infectologista afirmaram que ela não fez postagens contra o presidente, mas que sempre defendeu em suas redes sociais os preceitos científicos.
Em entrevista na última quinta-feira (03) à CNN ela foi questionada sobre eventuais críticas feitas ao governo nas redes sociais. “Eu não costumo me posicionar contra governos específicos. Eu trabalho com governos, eu me posiciono contra políticas públicas que considero que não sejam apropriadas. Acho que tenho o direito e o dever, como cidadã brasileira, pesquisadora, epidemiologista, também de me posicionar com relação às políticas de saúde pública do meu próprio país”, disse a médica.
Na manhã desta segunda-feira (7), Queiroga disse em entrevista à Jovem Pan que “Luana é qualificada, mas entendeu-se que o nome dela não seria o melhor por já ter uma posição explícita a respeito dos temas em discussão”.
Fonte: CNN
Créditos: Polêmica Paraíba