A assembleia de governadores do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) elegeu neste domingo (20) o economista Ilan Goldfajn, candidato brasileiro e ex-presidente do Banco Central, para o comando da instituição.
Goldfajn recebeu 80,1% dos votos e derrotou outros quatro candidatos:
- Nicolás Eyzaguirre Guzmán, ex-ministro da Economia do Chile;
- Gerardo Esquivel Hernández, um dos diretores do Banco Central do México;
- Gerard Johnson, ex-funcionário do BID e natural de Trindade e Tobago;
- Cecilia Todesca Bocco, secretária de Relações Econômicas Internacionais da chancelaria argentina (desistiu e não recebeu votos);
É a primeira vez que um candidato brasileiro vai presidir o BID, fundado há 63 anos. O banco multilateral é uma das principais fontes de financiamento de longo prazo para o desenvolvimento econômico, social e institucional da América Latina e do Caribe.
llan Goldfajn foi indicado como candidato do Brasil pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Em outubro, Guedes aproveitou as reuniões anuais do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI), nos Estados Unidos, para buscar apoio à candidatura brasileira.
Goldfajn foi presidente do Banco Central entre junho de 2016 e fevereiro de 2019, tendo sido indicado pelo ex-presidente da República Michel Temer. Atualmente, é diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI.
Retrato de Ilan Goldfajn — Foto: Gabriela Biló/Estadão Conteúdo/Arquivo
Ao indicá-lo para o BID, o Ministério da Economia destacou, em nota, que ele concilia “ampla e bem-sucedida” experiência profissional no setor público, em organismos multilaterais e no setor privado, além de sólida formação acadêmica, que o “qualificam inequivocamente para o exercício do cargo de presidente” do banco multilateral.
Já o ex-ministro Guido Mantega, enquanto fazia parte do governo de transição, contestou a indicação de Goldfajn e entrou em contato com autoridades econômicas de países das Américas para pedir o adiamento da eleição, o que não conseguiu.
Ele queria, em nome do governo eleito, costurar apoio a outro candidato. A ação de Mantega repercutiu mal entre autoridades e especialistas, que temiam que o gesto poderia prejudicar a candidatura de Goldfajn, um dos economistas mais respeitados do Brasil.
Presidência por 5 anos
Goldfajn foi eleito para ser presidente do BID por um período de cinco anos, podendo ser reeleito apenas uma vez.
Atualmente, o BID é conduzido por Reina Irene Mejía, presidente interina. Mauricio Claver-Caron, ex-presidente, foi demitido do cargo em setembro, após uma investigação concluir que ele teve um relacionamento com uma funcionária e autorizou dois aumentos do salário dela, violando o código de ética da instituição.
Composição do BID
O presidente do BID é eleito pela assembleia de governadores, na qual cada um dos 48 países membros é representado por seu governador, normalmente ministros da Fazenda ou outras altas autoridades econômicas.
Para ser eleito, o candidato deve obter a maioria absoluta dos votos dos países membros. O poder de voto varia de acordo com o número de ações detidas por cada país membro. Os EUA são o país com maior poder de voto: 30%. Depois, aparecem Brasil e Argentina, ambos com 11,4%.
O candidato vencedor também deve ter o apoio da maioria absoluta dos 28 países regionais, ou seja, dos países das Américas. Também fazem parte e votam no BID 16 nações européias e quatro asiáticas.
Perfil Ilan
Nascido em março de 1966, Ilan Goldfajn é diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional. Possui doutorado em Economia pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT)), mestrado pela PUC-RJ e graduação pela UFRJ.
Foi presidente do Banco Central do Brasil entre 2016 e 2019 e diretor de Política Econômica da autoridade monetária entre 2000 e 2003. Teve, ainda, uma longa trajetória na iniciativa privada, passando pelo Credit Suisse Brasil, Itaú Unibanco, Ciano Investimentos e Gávea Investimentos.
Foi professor de universidades no Brasil e nos Estados Unidos, sendo também editor e autor de inúmeros livros e artigos.
Fonte: G1
Créditos: Polêmica Paraíba