O presidente do grupo Oi, Eurico Teles, anunciou nesta terça-feira (10) sua saída do cargo a partir de 30 de janeiro de 2020.
O anúncio coincide com a operação da Polícia Federal realizada na sede da empresa também na manhã desta terça.
O objetivo da PF foi aprofundar as investigações sobre o uso de firmas de Fábio Luis, filho de Lula, e do empresário Jonas Suassuna para o pagamento de despesas pessoais da família do ex-presidente. A origem desses recursos, segundo a investigação, foram as empresas de telefonia Oi e Vivo.
Os principais indícios apontados pelos investigadores foram revelados pela Folha numa série de reportagens publicadas em outubro de 2017.
A suspeita é que repasses feitos pela Oi a empresas ligadas a Lulinha e Suassuna foram feitos sem lógica econômica, mas apenas para beneficiar a família do ex-presidente. Contratos comerciais foram firmados como fachada para dar aparência legal às transferências, dizem os investigadores.
Eles apontam como evidência o fato de vários produtos feitos por essas firmas não terem obtido resultado comercial relevante. Um dos exemplos é a “Bíblia na Voz de Cid Moreira”. A Oi teve que uma receita de R$ 21 mil com a comercialização do produto num período em que repassou R$ 16 milhões à Goal Discos, de Suassuna, pelo serviço.
A exoneração de Eurico Teles segue rito fixado em termo de transição de junho deste ano. Segundo a empresa, a própria data do anúncio estava preestabelecida.
Tanto Teles, como seu potencial sucessor, o COO (Chief Operational Officer), Rodrigo Modesto de Abreu, negaram que a empresa tenha sido beneficiada pelo governo Lula em troca de negócios firmadas com a empresa controlada pelo filho do ex-presidente.
“Qual foi o benefício que teve essa companhia por alguém? Eu desconheço. Estou aqui há 38 anos e vou te dizer o seguinte: essa companhia é só pepino. É só pepino. Mas é isso mesmo. Gente, ela foi para a recuperação judicial!”, disse Teles.
Pouco antes de informar sua destituição, Teles afirmou, em alusão à operação da PF, que a “Oi nunca sofreu uma situação dessas”.
“A PF entrou na minha sala. Se eu estivesse aqui [de manhã], teria aberto a porta para eles”, afirmou.
Sobre a Gamecorp, Teles afirmou ter sido uma operação lícita. “Não sei de situação que não tenha qualquer possibilita”.
Já Abreu afirmou que as operações apontadas pelo Ministério Público como benéficas à companhia foram prejudiciais à empresa.
Segundo ele, o grupo assumiu dívidas bilionárias no processo de fusão com a Brasil Telecom e de participação na Portugal Telecom.
Ainda de acordo com Abreu, essas operações são objeto de auditoria forense instaurado em setembro de 2019. Segundo o COO, a companhia fornece informações solicitadas pelos investigadores. A OI não soube informar por que, ainda assim, a empresa foi alvo de operação de busca e apreensão na manhã de hoje.
Fonte: Folha de S.Paulo
Créditos: Folha de S.Paulo