O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deve homologar na próxima semana, após o feriado prolongado, o acordo de delação premiada com a Polícia Federal (PF) feito nesta quarta-feira (6) pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) na Presidência da República e pivô do escândalo das joias recebidas pelo governo brasileiro e traficadas para venda nos Estados Unidos.
O termo de intenção sobre o acordo de delação premiada foi entregue pessoalmente por Mauro Cid, que esteve no gabinete do ministro acompanhado do advogado contratado pela família, Cézar Bitencourt. Eles foram recebidos pelo juiz auxiliar Marco Antônio Vargas, que recebeu o documento.
No encontro, Cid teria dito que decidiu firmar o acordo por livre e espontânea vontade e estaria disposto a cumprir os termos acordados com a Polícia Federal, que não se limita a confessar seus crimes, mas contar como se deu a participação de outros membros na Organização Criminosa, entre eles Jair Bolsonaro.
A defesa de Cid também entrou com pedido para que Moraes decrete a liberdade provisória do militar, que está preso desde maio. A prisão se deu em razão do inquérito que investiga supostas fraudes no cartão de vacina dele, das filhas e de Bolsonaro, mas durante a prisão explodiu o escândalo das joias.
Moraes acompanha toda a investigação e já estaria ciente das negociações da PF em torno da delação premiada após Cid mudar a estratégia e prestar ao menos três longos depoimentos aos investigadores.
A mudança de estratégia aconteceu após a contratação pela família do advogado Cézar Bitencourt, que descolou a defesa do militar da que está sendo articulada pelos advogados de Bolsonaro.
Em 2018, o Supreo validou a possibilidade da PF fazer acordos de delação. Moraes deve analisar se as tratativas foram feitas de forma legal e se os benefícios previstos estão dentro da lei.
Ao firmar a delação, Cid abre mão do direito de ficar em silêncio em todos os depoimentos que prestar. O tenente-coronel é alvo de novo pedido de oitiva na CPMI dos Atos Golpistas e, diferentemente da primeira convocação, o militar deve dar explicações sobre a participação dele e de Bolsonaro na incitação e tentativa de golpe de Estado.
Fonte: Polêmica Paraíba com fórum
Créditos: Polêmica Paraíba