A primeira celebração da Independência do Brasil no terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não tem empolgado os apoiadores do petista até o momento. Faltando menos de uma semana para o desfile militar do 7 de Setembro na Esplanada dos Ministérios, parlamentares e influenciadores de esquerda pouco falam no assunto, e a militância não se mobiliza em grupos de troca de mensagens ou nas redes sociais.
O clima político este ano contrasta com os eventos de 7 de Setembro ao longo do governo de Jair Bolsonaro (PL), que tiveram forte conotação ideológica e convocação massiva a apoiadores de extrema direita para participar da solenidade e ouvir o ex-presidente.
Foi em um feriado de Independência, em 2021, que Bolsonaro ameaçou não mais cumprir ordens do Supremo Tribunal Federal (STF) e xingou o ministro Alexandre de Moraes – para depois, com a ajuda do ex-presidente Michel Temer, voltar atrás.
A estrutura do evento deste ano, que terá a presença de Lula e dezenas de outras autoridades, já está quase pronta no centro de Brasília, e o governo estima o público em 30 mil pessoas. O desfile começou a ser anunciado em rádio e TV nessa sexta (1º/9), e havia a previsão de as redes oficiais do Palácio do Planalto iniciarem a divulgação neste fim de semana.
Com novidades na programação, que segue tendo como destaque o desfile de tropas e veículos militares e a apresentação da Esquadrilha da Fumaça, o evento deste ano tem por objetivo ser mais familiar e provocar menos tensão política. O desfile terá o slogan “Democracia, soberania e união” e quatro eixos temáticos: Paz e Soberania; Saúde e Vacinação; Ciência e Tecnologia; e Defesa da Amazônia.
Dino alerta o GDF sobre convocações
Como nas redes da militância lulista, os bolsonaristas não falam muito na internet em mobilizações de rua para o 7 de Setembro. Sem convocações de Bolsonaro, bem como de influenciadores, os militantes do ex-presidente, em geral, pregam o “fique em casa” e propagam supostos planos de prisão a quem se manifestar contra o governo Lula.
Apesar disso, há militantes de direita em grupos de WhatsApp e Telegram e nas redes que fazem convocações genéricas, mas com críticas ao presidente petista. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, enviou 10 vídeos ao governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), e ao secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Sandro Avelar, referentes às possíveis manifestações no 7 de Setembro.
Nas imagens, divulgadas pela coluna Grande Angular, apoiadores de Bolsonaro criticam o ministro Alexandre de Moraes e o presidente Lula.
Os vídeos dizem que “7 de Setembro de 2023 será gigantesco”, o que foi interpretado pelo Ministério da Justiça como uma convocação para atos de manifestação na data. “A responsabilidade é nossa”, “acorda Brasil” e “chega de safadeza” são outras frases escritas por cima das imagens compartilhadas via rede social.
Grito dos Excluídos
Na militância de esquerda, mais quente que o 7 de Setembro com Lula e militares, está a convocação para o Grito dos Excluídos e das Excluídas, promovido por movimentos sociais, como o MST, para denunciar a desigualdade social. Diversos perfis e publicações progressistas promovem os eventos em suas regiões.
Já a solenidade oficial não conta com tanto engajamento, nem orgânico nem promovido. A rede “Lulaverso”, de perfis e grupos no WhatsApp e Telegram, criada pelo PT na época da campanha para mobilizar a militância, anda há passos lentos há meses nas redes.
A última postagem em grupo fechado do Lulaverso acompanhado pela reportagem já tem quase duas semanas. Nos grupos abertos, onde os participantes também podem escrever, não há muito mais fluxo, e tampouco se fala do 7 de Setembro.
A organização do desfile de 7 de Setembro na Esplanada, que cai na quinta-feira, pretende pautar melhor o assunto ao longo da semana e encher as arquibancadas que vem sendo montadas há alguns dias.
Essa etapa, aliás, teve uma tragédia na última quinta-feira (31/8), quando Genes Gomes Coelho, de 39 anos, morreu após parte da estrutura da montagem do desfile desabar. O acidente ocorreu por volta das 16h, na Esplanada dos Ministérios, na altura da Catedral Metropolitana de Brasília.
Outros três trabalhadores que prestavam serviço para a empresa Palco Locação se feriram no acidente e estão internados no Hospital de Base do DF (HBDF). São eles: Jassé Dionísio de Sousa, 37 anos; Jardelmo Nunes da Silva, 35; e Maxwell Meira da Silva, 30.
Segundo o Corpo de Bombeiros, os quatro trabalhadores estavam em uma estrutura metálica, tipo tenda, quando despencaram.
O governo federal lamentou o acidente e se solidarizou com a família.
Fonte: Metrópoles
Créditos: Polêmica Paraíba