Após anunciar ontem, 10, que a Coronavac, vacina contra a covid-19 desenvolvida em parceria entre o Instituto Butantã e a farmacêutica chinesa Sinovac, já começou a ser produzida no Brasil, o governador João Doria (PSDB), afirmou que 11 Estados já firmaram a compra do imunizante. Foram contratados 120 técnicos para auxiliar na produção da vacina, que será feita “24 horas por dia e 7 dias por semana”, aumentando sua capacidade de produção para 1 milhão de doses por dia.
Os Estados que firmaram compra da Coronavac são Acre, Pará, Maranhão, Roraima, Piauí, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Sul. Ao todo, 276 municípios já formalizaram o interesse na compra do imunizante e, de acordo com Dimas Covas, presidente do Instituto Butantã, outros 912 também já manifestaram intenção de aquisição, que “deve ser formalizada nos próximos dias”.
“Não tem sentido qualquer outra alternativa”, afirmou Covas. “Basta me ligar e eu prontamente colocarei as vacinas à disposição do Ministério da Saúde”. “Por que iniciar a vacinação em março, como foi anunciado pelo Ministério da Saúde, se podemos iniciar em janeiro, de forma segura e eficiente?”, complementou Doria, fazendo referência ao calendário de imunização apresentado pelo Ministério da Saúde na semana anterior.
Doria afirmou que ainda não recebeu nenhuma comunicação formal do Ministério da Saúde sobre um eventual interesse do governo federal em comprar doses da vacina do Butantã, embora o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, tenha dito que ela pode ser incorporada se tiver o registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Desejamos uma manifestação clara, escrita, que a vacina Coronavac fará parte do Programa Nacional de Imunização”, afirmou o governador.
Na segunda, ele já havia afirmado que o Estado pretende começar o plano de imunização em 25 de janeiro. Horas após o anúncio de Doria na última segunda, a Anvisa afirmou, em nota, que só libera o uso da vacina após a análise de documentos, como os de dados de “fase 3” da pesquisa. “Nenhuma das quatro vacinas em desenvolvimento no Brasil apresentou protocolo de registro. Portanto nenhuma das quatro tem aval para uso amplo neste momento”, disse o presidente Antônio Barra Torres, em entrevista à Jovem Pan.
Após passar pela Anvisa, a vacina ainda precisa receber um preço, o que é definido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). A análise desse órgão leva até 90 dias, em casos normais, mas a expectativa é de encurtar a análise para as vacinas contra a covid-19.
Na terça, João Doria e o ministro da Saúde se desentenderam durante uma reunião, após o governador cobrar uma posição da pasta em relação à compra da Coronavac. Em paralelo, especialistas ouvidos pelo Estadão afirmam que é possível distribuir a vacina, desde que ela seja aprovada por pelo menos uma de quatro agências reguladoras internacionais, graças a uma lei federal aprovada no início da pandemia.
Em novembro, um estudo divulgado na revista Lancet Infectious Diseases já havia atestado que a Coronavac produziu anticorpos em 97% dos voluntários, 28 dias após a sua aplicação. No Brasil, a vacina é testada em 13 mil voluntários espalhados por 16 centros de pesquisa de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.
Fonte: Terra
Créditos: Polêmica Paraíba