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Pablo Vittar não será a primeira a chorar

Mas pelo ritmo da carruagem conduzida por Bolsonaro e filhos, Pablo Vittar definitivamente não será a primeira a chorar no governo do capitão.

Parcela graúda da população (quem diria que numa nação mestiça haveria tantos candidatos a arianos conservadores?) votou em Bolsonaro inspirados por seus discursos conservadores.

E espera com ansiedade (e quiçá com uma pistola no coldre, a prosperar a liberação do porte de armas) tempos duros para feministas, esquerdistas, militantes LGBT.

Mas pelo ritmo da carruagem conduzida por Bolsonaro e filhos, Pablo Vittar definitivamente não será a primeira a chorar no governo do capitão.

Transgênicos – e não transgêneros  – podem conquistar a preferência na fila dos desfortúnios.

Alguns atos explicam o temor que se instala, neste instante, nos sulcos mais profundos do agronegócio brasileiro:

O principal deles é a insistência com que a nova tropa que desembarca em Brasília menospreza o mercado chinês.

Um destes atos foi protagonizado esta semana por Eduardo Bolsonaro – que incluiu no figurino de passeio em Washington boné de campanha de Donald Trump e declarações de que a parceria Brasil-China deveria ser entendida como mais um lance da política enviesada ideologicamente pelos governos do PT.

Não passa pela cabeça da tropa que a equação se resolve de maneira mais simples e menos conspiratória : o Brasil tem o que a China precisa comprar.

E eles compram muito.

Produzindo, na condição de nosso maior parceiro comercial, superávit de US$ 20,4 bilhões à nossa balança comercial no período de janeiro a setembro deste ano.

Nesse período, a relação comercial com os Estados Unidos – para quem a tropa bate continência – produziu modestos US$ 2 bilhões – depois de acumular déficit por longos oito anos.

Os dados estão no Ministério da Indústria e Comércio – disponíveis, portanto, à equipe de transição.

Aparentemente, Washington faz a cabeça do novo governo – e a enfeita com bonés promocionais no melhor estilo “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”.

Pois a China, que não serviria mais ao Brasil, vem a ser o maior parceiro comercial deles.

Conectando os pontos, fica fácil antever qual será o nosso papel neste cenário: trampolim para enfraquecer o maior adversário comercial do governo americano.

E como tudo o que é ruim pode piorar – e geralmente piora mesmo -, a tropa ainda ataca nosso segundo maior parceiro comercial, o Irã, com a ameaça de transferência da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém.

Vamos, mais uma vez, aos números (que dizem mais do que as fantasias confabulatórias-ideológicas):

As exportações brasileiras para os iranianos tiveram aumento nada modesto de 136,56% de janeiro a setembro em relação ao mesmo período do ano passado – azeitadas, principalmente, pela alavancagem das vendas de milho em grão (526,3% de aumento).

Dados também disponíveis no Ministério da Indústria e Comércio.

O que nos obriga a pensar: por que o novo governo está atacando de forma tão sistemática nossos maiores parceiros comerciais?

Eis uma pergunta que o agronegócio deve tentar arrancar antes que seja tarde demais.

Porque isso não é tech, não é pop e – definitivamente – não faz bem ao Brasil.