'Ou o PSB recupera seu espaço no centro-esquerda ou vai deixar de existir', diz Ricardo à 'Folha'

O governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, divergiu dos colegas

O governador paulista, Geraldo Alckmin, criticou nesta quarta-feira (20) a articulação feita pelo prefeito de São Paulo, João Doria, para adiar a escolha do candidato do PSDB a presidente.

 

“Se deixar lá para o meio do ano, quem for candidato, independente de quem seja, acaba saindo de forma improvisada”, disse Alckmin.

 

O governador foi homenageado em evento do Centro de Liderança Pública, fundado por Luiz Felipe d’Avila, pré-candidato do PSDB a suceder Alckmin.

 

“Não precisa nada ser definido agora, mas não defendo decisões de última hora, deixar isso para março, abril”, afirmou o governador.

 

“Tudo que é improvisado é malfeito. Aliás, no Brasil, precisamos parar com improvisação, inclusive na política.”

 

VIAGEM

 

Alckmin relativizou o resultado de pesquisa que o colocou com intenção de voto inferior à de Doria.

 

“Achei ótima porque está praticamente empatado. Eu não disputo eleição já há vários anos, não disputei a eleição do ano passado e a eleição de governador fica embaixo da de presidente. Então, não chama atenção”, justificou.

 

“Também não tenho viajado tanto, então achei ótimo. Em alguns cenários até estou na frente. Mas esse não deve ser o parâmetro. Se fosse escolher candidato por pesquisa, aqui na capital no segundo turno [da eleição de 2016] seria o Russomanno e a Marta Suplicy.”

 

Alckmin é favorável à realização de prévias para a escolha do candidato tucano. Doria defende que o partido leve em consideração pesquisas de intenção de voto.

 

Em seu discurso no evento, que anunciou resultados do ranking de competitividade dos Estados, o governador de SP, primeiro colocado, adotou tom de estadista.

 

“Isso aqui é Coutinho e Pelé”, afirmou ao lado do governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD), terceiro colocado. “Queremos que todos os Estados tenham um grande empate em primeiro lugar.”

 

Colombo declarou apoio à candidatura presidencial de Alckmin. “Torço muito para ver o Geraldo numa nova missão, ele está preparado”, declarou Colombo.

 

A jornalistas, ele disse que “prefere Geraldo Alckmin” a Doria. “Não tenho nada contra ele [o prefeito], mas o perfil do Geraldo, a experiência, o histórico é o que eu entendo ser o mais ajustado para os desafios.”

 

Também presente, o governador Confúcio Moura (PMDB), de Rondônia, elogiou “as boas práticas” de Alckmin. Nos bastidores, segundo interlocutores, Moura prefere o governador paulista a Doria na candidatura nacional do PSDB.

 

CIRO

 

O governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, divergiu dos colegas. Para ele, seu partido, o PSB, do vice de Alckmin, Márcio França, deve se descolar do PSDB em 2018.

 

“Ou o PSB recupera seu espaço na centro-esquerda, ou vai deixar de existir naturalmente”, afirmou à Folha.

 

“Alckmin é figura respeitável, representa um certo pensamento, que, porém, não é o pensamento que o PSB pretende para ocupar determinado espaço no espectro político.”

 

Coutinho criticou o PT, “um partido que sempre foi muito exclusivista, primeiro eles, segundo eles e terceiro eles”. E acenou a uma possível candidatura de Ciro Gomes (PDT).

 

“Ciro representa bem esse campo, mas acho que muita coisa vai acontecer”, afirmou o governador paraibano para depois também elogiar Lula, “a maior liderança que este país já produziu”.