Tive uma infância-juventude pobre e descalça – nutrindo sonhos à luz do lampião, juntando esperança a cada tostão colhido debaixo de sol a pino, de domingo a domingo.
Percorri – não tenham dúvidas – uma longa distância (do tipo que não se mede nem se contabiliza por quilometragem) até pisar nos tapetes azuis da mais alta casa legislativa do País.
Obviamente, essa é uma trajetória (tenho plena consciência disso) que desperta curiosidade; que provoca o imaginário das pessoas.
Daí surge a pergunta – inevitável – que tantas vezes fui instado a responder:
Deca, como se trilha trajetória tão longa?
Traduzindo: essa uma forma, cheia de voltas, para chegar a uma questão essencial:
Como se consegue sair do tostão ao milhão?
Minha resposta começa por uma condição elementar e indispensável:
Fé.
Sem fé não se dá nem o primeiro passo.
E eu sempre fui um homem de profunda fé em Deus e em mim mesmo.
Essa fé nos leva ao otimismo.
Ninguém empreende, projeta, planeja e efetivamente age e faz sem ter este ânimo de que a boa ventura virá.
É este ânimo – é este otimismo – que faz a semente virar grão e o grão virar pão.
Para além das questões espirituais, o mistério acaba. Pois a regra é clara e conhecida da maioria das pessoas:
Nenhum tostão vira milhão quando se ganha um e se gasta dois.
A receita – como disse – é conhecida.
Não se pode gastar mais do que se ganha. Pois onde se subtrai não se soma.
Eu tenho feito, ao longo dessa lonjura toda, essas contas de somar, que vão muito além do tostão: passa pela adição de amigos; passa pela soma da perseverança; passa pela manutenção – custe o que custar – da fé que me embalou desde o primeiro passo, sob a luz do lampião, nutrindo sonhos de chegar o mais longe que a vida pudesse me levar.
Sonhe. Some. Conquiste.