Larissa Freitas

'Os russos que venham me tirar daqui', diz empresário paulista na Ucrânia 

GUERRA

'Os russos que venham me tirar daqui', diz empresário paulista na Ucrânia 

Décio Galina Colaboração para o TAB, em São Paulo 05/03/2022 04h00 "Pau no cu dos russos!", vocifera, indignado, o empresário paulistano Arício Filho, 41, em Lviv (oeste da Ucrânia). Na última quarta-feira (2), explicava que estava prestes a cumprir um serviço que se voluntariou: ir até Zamość, na Polônia, dirigindo uma van Volkswagen T3, em um comboio de três carros. A empreitada tinha como meta transportar as crianças ucranianas que acabavam de se despedir dos pais, que entrariam em combate. Em Lviv, Arício também participou dos trabalhos de soldagem de barreiras metálicas para proteger os acessos à cidade. "Mas vou voltar para Kiev, com um misto de raiva e de cuidado com as minhas coisas, já que os apartamentos estão sendo saqueados", continua Arício, que mora na capital do país desde 2008. Relacionadas 'Morro de medo': imigrantes sem documentação regular ficam sem vacina em SP Raio-x dos Correios identificou placenta a ser enviada à indústria da moda Como guerra na Ucrânia causou pane em 'torcedores' da esquerda e da direita O brasileiro é dono do hostel Kiev Central Station, situado na rua Hoholivska — o estabelecimento tem capacidade para 40 hóspedes, mas está em reforma para comportar até 60 clientes. Em novembro passado, Arício também abriu o bar São Miguel, ao lado do Mosteiro de São Miguel das Cúpulas Douradas. "Não é uma questão de oportunidade de pegar em armas: é necessidade. Desde que saí do Brasil, construí tudo do zero, criei raízes aqui. Tenho um sentimento de perda da casa, dos negócios, dos amigos. Por que vou abrir mão de tudo? Os russos que venham me tirar daqui", explicou ao TAB. O empresário contou ter doado cerca de 4 mil dólares em comida para abrigos e soldados.