Paraíba agora tem duas cidades entre as 50 mais violentas do mundo

 Sérgio Botêlho

Na Paraíba, João Pessoa não está mais sozinha na lista das 50 cidades mais violentas do mundo. Agora, tem a companhia da cidade de Campina Grande, a Rainha da Borborema. A capital, no entanto, é a maioral: é a nona colocada, e Campina, a 25ª.
O levantamento, divulgado na edição deste domingo, 23, pelo jornal O Globo, foi elaborado pela ONG mexicana Conselho Cidadão para Segurança Pública e Justiça Penal AC, com base nas informações mantidas pelos governos na Internet.
A companhia das demais capitais do Nordeste (à exceção de Teresina), se, por um lado, alivia o ego dos paraibanos, por outro, não, já que nenhum outro estado da região tem duas cidades ao mesmo tempo em lista tão dramática.
Mas, que o problema é nacional, isto é. O Brasil é o país com maior número de cidades no grupo das 50 mais violentas do mundo: 16 cidades. A curiosidade é que as duas maiores metrópoles, São Paulo e Rio não estão no ranking. Nem a capital Brasília.
Esse vai ser um tema a ser explorado tanto pelas oposições locais, nas pelejas pelos governos estaduais, quanto pela oposição nacional, na disputa pela Presidência da República. Natural que seja assim. É próprio da política.
E não haverá governador que faça oposição ao governo Dilma que não busque colocar a culpa no governo federal, esquecendo que o combate ao crime é feito diretamente pelos estados, através de suas polícias militares e civis. Quando não dão conta, são chamadas então a força federal e, até, as forças armadas.
Mas, para o bem da verdade, a culpa é generalizada e pode ser igualmente atribuída aos governos federal e estaduais. E a solução não deve ser apenas buscada na ação repressora do aparato armado.
A miséria, a falta de opções para a juventude, a má resolvida questão das drogas, o péssimo e mal conselheiro sistema prisional brasileiro, a lentidão da justiça, são algumas das causas da violência que não são atacadas devidamente.
Infelizmente, não há um mais longo histórico de levantamentos desse tipo que nos possa conduzir a uma avaliação de tipo comparativa mais longe na história da violência entre as cidades do Brasil e do mundo.
Ressalte-se, porém, e a bem da verdade, que o Brasil avançou muito no quesito inclusão social, nos últimos anos. O que tem de ser feito é aprofundar ainda mais esse processo inclusivo, com o propósito de sempre melhorar a distribuição de renda e de oportunidades a todos.
Quanto maior for a desigualdade de renda e de oportunidades em um país, mais campo será dado à opção pelo crime, fruto, o mais das vezes, do desamparo e da falta de Educação, Saúde, Transporte, Lazer, e outras necessidades humanas, assim.
Enfim, a questão das drogas, maior responsável por milhares de jovens mortos por dívidas nas mãos de traficantes. E certamente, a maior causa, em todas as regiões e cidades brasileiras, do aumento da criminalidade em níveis alarmantes, como tem acompanhado o botelhonoticias.blogspot.com.br.

Enquanto isto continuar ocorrendo, sem que se atente para uma política real de redução de danos, com a descriminalização das drogas, continuaremos enxugando gelo nessa luta, com o sacrifício crescente da juventude pobre brasileira, enquanto muita gente continua lucrando com isso.