Análise: Deu o esperado na consulta do PSDB, com ligeira mudança no tom do discurso de Cássio

POR JOSIVAL PEREIRA

Deu o que já era esperado. Filiados do PSDB aprovaram por unanimidade a proposta de rompimento da aliança com o PSB do governador Ricardo Coutinho e, em consequência, de lançamento da candidatura do senador Cássio Cunha Lima a governador, em encontro realizado na manhã desta sexta-feira, em Patos.
Como previsto, a reunião tucana serviu muito mais para dar gás à militância e permitir a divulgação da candidatura do senador Cássio Cunha Lima.
Apesar disso, é possível se anotar algumas novidades no encontro do PSDB, em Patos.
O senador Cássio Cunha Lima está apurando o discurso de campanha. Já não falou apenas de beijos e abraços. Juntou o que considera realizações importantes. Ou seja, o PSDB, vai tentar vender na campanha a ideia de que é possível realizar obras e manter um comportamento afável de tapinhas nas costas de aliados e eleitores.
Noutro ponto, o senador Cássio Cunha Lima justificou a decisão de deixar a aliança com o PSB e de se lançar candidato como sendo um direito natural dos partidos e pela necessidade de se oferecer mais oportunidades de escolha aos eleitores. Evitou caracterizar a decisão como um rompimento político. Chegou a citar o exemplo do governador Eduardo Campos, presidente nacional do partido do governador Ricardo Coutinho, que era aliado do PT e agora é candidato à presidência da República.
O discurso neste tom parece ter o objetivo de tentar fugir da inevitável cobrança de que o PSDB participou do governo Ricardo Coutinho até um dia desses.
Nos dois temas, pelo visto, o senador Cássio Cunha Lima tenta, por enquanto, evitar o confronto direto com o governador, que, por seu lado, deseja comparar realizações e certamente empurrar a responsabilidade pelo rompimento pra cima dos tucanos.
Uma conclusão, óbvia, é a de que Cássio é efetivamente um político muito hábil e detentor de respeitável popularidade. Resta saber se vai conseguir jogar o jogo eleitoral em seu campo, dando as cartas, ou se será obrigado a jogar no campo escolhido pelos adversários. Essa definição pode fazer a diferença na campanha.
Um terceiro ponto a se destacar no encontro do PSDB em Patos foi à ausência do deputado Antônio Mineral, filiado ao PSDB. O próprio senador Cássio Cunha Lima comunicou um telefonema de Mineral justificando a falta com o argumento de que teria dificuldade de defender a manutenção da aliança com o governador Ricardo Coutinho diante da militância já definida.
Registre-se, aqui, que a ausência de Antônio Mineral representa certa demonstração de força do governador Ricardo Coutinho, que tem segurado não apenas adesões ao senador Cássio Cunha Lima como tem tirado apoios de seu próprio partido. Deste lado, resta saber se de forma definitiva ou se apenas durante um a pré-campanha eleitoral. Essa é outra definição que pode fazer a diferença na campanha.