O PMDB, DILMA E O REGIME DE INDECÊNCIAS

Gilvan Freire

                        Não pode haver maior frustração de um eleitor de Lula – que apostou nele como algo diferente na política do país, capaz de regenerar os costumes e devolver dignidade às funções públicas – do que assistir a esse espetáculo deprimente envolvendo o PMDB e o PT dentro do governo Dilma.

De fato, tudo começou no governo de Lula, quando os aladins operacionais petistas se convenceram de que para governar em paz e permanecer no poder seria preciso apenas lotear a administração entre os políticos mais salafrários e os partidos mais oportunistas, mesmo que esses pobres homens e vis instituições tivessem de roubar uma boa fatia do patrimônio público nacional.

 Entre as vantagens, a maior delas seria a cumplicidade com os negócios sujos da administração que, em sua maior parte, atenderia a gula do PT nos principais centros de influência do Brasil, a começar de São Paulo e Brasília, as duas máquinas mais corruptas que sangram o Tesouro brasileiro há anos. Posteriormente, o próprio governo se encarregaria de alastrar o domínio petista pelo país afora, até onde fosse possível que essas alianças espúrias pudessem garantir os feudos gerais do PT. Por fim, ainda haveria o ganho de blindar a gestão petista no Congresso, através das maiorias parlamentares, formadas à base da distribuição de cargos e das emendas parlamentares e dos mensalões, a fina flor desse pandemônio moral.

 

BASEADO NESSA PARAFERNÁLIA DE CORRUPÇÃO, LULA DEU-SE AO LUXO DE FAZER DILMA PRESIDENTE, ainda que ela nem precisasse ter currículo político para exercer o maior cargo eletivo da nação. E deu certo, conforme Lula e os teóricos do PT imaginavam, até a hora em que os estrategistas petistas foram parar na prisão, da qual Dilma e Lula escaparam porque a compra e venda de congressistas (mesmo depois das prisões) ainda funciona a pleno vapor, embora a preço mais elevado.

 

Mas chegou a hora em que as máfias, de muito alimentadas nesse mar de lama, precisam definir novo pacto de ocupação espacial e distribuição dos lucros das operações criminosas. Eis ai o grande impasse, porque todos os mafiosos sabem muito uns dos outros e ninguém está disposto a abrir mão do entulho lucrativo em que virou a administração pública no Brasil, a partir da gestão petista, ou do estilo petista de governar. É tudo jogo de gângsteres, e disso não se pode esperar que saia fumaça papal para fazer surgir um Francisco, ou para celebrar uma paz limpa, pois a crise é só moral e a sua debelação envolve custos elevados para ser bancado pelo povo brasileiro.

Nesta crise do PMDB com o PT reproduz- se o estouro do mensalão, quando um dos piores gatunos detonou os outros por causa da má divisão dos furtos, correndo o risco de irem quase todos para o cárcere e explodir a máquina corrupta do governo. De fato, nem todos foram aprisionados – inúmeros ficaram de fora -, com a circunstância agravante de que o aparelho criminoso não foi explodido e continua operando, agora sob fogo cruzado de seus comandos vermelhos internos.

 

Se essa crise perdurar e o fogo que arde dentro dela não for debelado com os extintores do Erário, é bem possível que dela resulte algo melhor para o país, inclusive (o que seria de enorme proveito para a sociedade), a explosão desse núcleo criminoso que o PT implantou com o PMDB para desmoralizar o povo e aviltar a administração pública. E melhor ainda se entre mortos e feridos não escapar ninguém.