CONTRA DILMA: Bancada do PMDB respaldará Eduardo Cunha com moção de apoio.

Josias de Souza

Em reunião marcada para a tarde desta terça-feira, a bancada do PMDB na Câmara aprovará uma moção de apoio ao líder Eduardo Cunha (RJ), sob tiroteiro do PT e do Palácio do Planalto. Deve-se a iniciativa ao deputado Danilo Forte (CE), vice-líder do partido. “Creio que a moção será aprovada por unanimidade”, diz ele.

Nas últimas 48 horas, numa sequência de reuniões que manteve com o vice-presidente Michel Temer e com a caciquia do PMDB, Dilma Rousseff sinalizou a intenção de desligar Eduardo Cunha da tomada. Informado, o líder declarou que, isolando-o, o Planalto isolaria também a bancada do PMDB, cuja opinião média ele diz ecoar. A moção dos liderados fará dele um porta-voz de papel passado.

Eduardo Cunha convidou para a reunião o senador Valdir Raupp (RO), que responde pela presidência do PMDB. Quer que Raupp seja testemunha da irritação que toma conta da bancada da Câmara. Sou bombeiro, não incendiário, ele costuma dizer, com uma ponta de exagero.

Munido do extintor metafórico, Eduardo Cunha quer evitar que a bancada aprove também um pedido de convocação de uma pré-convenção do PMDB para o mês de abril. O vice-líder Danilo Forte diz que 11 presidentes de diretórios estaduais do PMDB assinaram requerimento a favor da antecipação de um debate que só deveria ocorrer na convenção de junho. Bastariam nove rubricas.

Na noite passada, Eduardo Cunha dizia que, se a proposta de pré-convenção for mencionada na reunião da bancada, aconselhará a transferência do debate para a Executiva Nacional do PMDB. Acha que não cabe aos deputados deliberar sobre a matéria. Há um quê de cálculo político nessa decisão.

Tomado pelo que diz longe dos refletores, Eduardo Cunha gostaria que o PMDB se abstivesse de renovar a aliança nacional com o PT, negando a Dilma o usufruto do tempo de propaganda da legenda no rádio e na tevê.

Ao desviar a bancada do balão da pré-convenção, o líder como que reconhece implicitamente que, hoje, os opositores da manutenção de Michel Temer na chapa reeleitoral de Dilma estão em minoria no partido. Melhor aguardar pela convenção de junho. Imagina-se que, até lá, a canoa da reeleição pode fazer água.

Os defensores da pré-convenção sustentam que o encontro é importante para liberar os diretórios regionais do PMDB para firmar nos Estados as coligações que bem entenderem, inclusive com legendas oposicionistas. Primeiro-secretário da legenda, Geddel Vieira Lima tacha a reunião de “desnecessária”.

Às voltas com uma articulação para tornar-se adversário do PT na disputa pelo governo da Bahia, Geddel sustenta que “não faz sentido liberar algo que já está liberado.” Ele tenta atrair para o seu projeto o DEM e o PSDB. “Não há autoridade no partido que me impeça de negociar com quem eu quiser”, afirma.

Quanto à reedição da aliança nacional com o PT, os adversários da ideia de convocar uma pré-convenção argumentam que o resultado do encontro não teria serventia, já que, pela lei, o que vale é a convenção. Donde o melhor a ser feito pelos defensores do desembarque é crescer e aparecer.