Cássio em campanha

Lena Guimarães

O senador Rui Carneiro disse que nenhuma liderança, por mais poder que tenha, é invencível, e que “forte é o povo”. Ontem, Cássio Cunha Lima mostrou partilhar da visão, proclamou que “a soberania é do povo” e condicionou sua candidatura ao governo do Estado não apenas a uma consulta às bases do partido, mas também aos eleitores. Ignorou a deflagrada disputa por partidos para ir direto ao ponto: a conquista dos donos dos votos.

Cássio mostrou a diferença que faz 30 anos de experiência em campanhas estaduais e municipais. Após a reunião da Executiva do PSDB, anunciou que a consulta incluirá desde encontros regionais, passando por pesquisas,  até manifestações nas ruas e redes sociais. Uma pré-campanha, embora nos limites da lei, com duração de 20 a 30 dias.

Traduzindo, Cássio vai fazer o que  gosta: se misturar com o povo, usar o seu carisma e popularidade para se posicionar melhor na sucessão, porque sabe que assim ficará muito mais fácil conseguir apoios de partidos com os quais espera contar para ter um bom guia eleitoral no rádio e na TV, para divulgar suas intenções para o terceiro mandato.

Cássio vem seguindo, com disciplina, o roteiro que terá como ponto alto o lançamento de sua candidatura ao governo. Primeiro tucanos importantes, como o presidente Ruy Carneiro e o senador Cícero Lucena passaram a defender sua candidatura, deflagrando um movimento que ganhou dimensão estadual. Só precisou ficar longe de Ricardo Coutinho e  fazer algumas críticas à sua gestão para ver surgir a rivalidade.

Ontem, ele historiou a sua relação com Ricardo Coutinho. Disse que não o conhecia bem quando, por força das circunstância de 2009, se aliaram; que seus estilos são diferentes, mas sempre respeitou o governador; que nos últimos três anos não fez um único gesto capaz de comprometer sua gestão; que sempre se recusou a antecipar o debate sucessório; e que “chegou o momento de ouvir o povo” e decidir o caminho a seguir.

Cássio evitou crítica direta a Ricardo Coutinho, mas não escondeu suas intenções, seja quando recomendou a filiados do PSDB a entrega de cargos no governo, ou quando admitiu aceitar a candidatura e disse não duvidar de sua elegibilidade. Pelo menos por enquanto, quer gastar saliva apenas com os eleitores.

 

 

 

TORPEDO

Um líder só chega a essa posição quando ele tem a capacidade de ouvir e eu tinha certeza que ele, como líder, iria ouvir seus liderados. Cássio com esse gesto mostra todo o seu amadurecimento político.

 

Do senador Cícero Lucena, sobre o compromisso de Cássio de que será candidato ao governo se essa for a vontade do PSDB e dos eleitores.

 

 

 

Presenças

Não faltou ninguém, nem mesmo os que nunca se pronunciaram pela candidatura própria. Na mesa do PSDB, além de Cássio, Cícero e Ruy, sentaram os deputados Antonio Mineral e Iraê Lucena, que apoiam Ricardo na ALPB.

 

Presenças 2

Os prefeitos das duas maiores cidades governadas pelo PSDB, Romero Rodrigues (Campina) e Zenóbio Toscano (Guarabira), os ex-prefeitos Fábio Tyrone (Sousa) e Dinaldo Wanderley (Patos) e o vice Ronaldinho Cunha Lima.

 

Amarelo

Os ex-deputados Armando Abílio e Pedro Medeiros também estiveram entre os que foram acompanhar a reunião do PSDB, onde muitos vestiam camisas amarelas, embora também usem o verde. Mas em ano de Copa do Mundo…

 

Valor da amizade

Provocado por jornalistas a comentar a opção de Rômulo Gouveia por Ricardo Coutinho, Cássio disse esperar que a política não interfira na amizade de ambos, muito menos no relacionamento das famílias. Mirou o coração.

 

 

ZIGUE-ZAGUE

+ O governador Ricardo Coutinho interpretou a recomendação do PSDB aos filiados para que deixem os cargos no seu governo, como efetivação do rompimento.

+ Assim como fez em relação aos petistas, Ricardo Coutinho pretende manter os empregos dos dissidentes tucanos, e vai reforçar presença em Campina Grande.

+ Além do PSD de Rômulo Gouveia, outros quatro partidos são presididos por campinenses e alvos nessa disputa de gigantes da política: PP, PDT, PMN e PHS.

 

 

 

Centenário de Emílio

2014 marca o centenário de uma geração de paraibanos com histórias marcantes. Já tivemos o do ministro Abelardo Jurema e eventos já foram anunciados para lembrar o do ex-governador Pedro Gondim. Antes, em março, teremos o do desembargador Emílio de Farias (avô do vereador Bruno de Farias), que foi cassado enquanto presidente do Tribunal de Justiça, sendo o único dos atingidos pela ditadura militar que se recursou a receber indenização do governo, após a anistia. Sustentava que dignidade não tem preço e que não se compra com dinheiro.

 

 

 

PONTO FINAL

Ao ser preso, ontem, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) disse que não ter arrependimentos por ter denunciado o “Mensalão”. E justificou: “O Brasil melhorou”.