Gilberto Dimenstein
Ganhe ou perca o Brasil, essa já é a melhor Copa do Mundo — pelo menos do ponto de vista da cidadania.Leio hoje que, segundo o Datafolha, cerca da metade da população brasileira não apoia a realização da Copa no país.
Isso no país do futebol — e onde esse esporte é visto como uma forma de alienação.
Evidentemente não me confundo com esses radicais que saem à rua para tentar impedir a realização da Copa. Até porque é um fato consumado. Fico ainda mais distante quando vejo selvagens usando a violência.
Extraordinário é o seguinte: a paixão ao futebol está competindo com uma visão crítica sobre como o poder público gasta (ou deixa de gastar) nosso dinheiro.
É um símbolo de como o brasileiro torna-se cada vez mais um cidadão atento e maduro, de olho em seus interesses reais.
Para azar dos governantes (e sorte do Brasil), a Copa virou símbolo de desperdício — afinal, pagamos quatro meses de impostos para manter o poder público e recebemos tão pouco de volta.
Em síntese, aconteça o que acontecer, o Brasil já é vitorioso na Copa. Mesmo que perca da Argentina.
Concordo, assim, com o slogan oficial. É a Copa das Copas.