Qual será o enredo do PMDB da Paraíba na avenida 2014?

Sérgio Botêlho

O PMDB da Paraíba pode estar às vésperas de um embate interno de elevada importância para o futuro da legenda no estado. O embate tem tudo a ver com o quadro eleitoral que se firma para o pleito de outubro.
Há diversas candidaturas ao governo do estado anunciadas ou previstas, a exemplo de Ricardo Coutinho, pelo PSB, à reeleição; de Cássio Cunha Lima, atual Senador da República, pelo PSDB; de Nadja Palitot, candidata do prefeito Luciano Cartaxo, pelo PT; a do deputado federal Leonardo Gadelha, pelo PSC; e, finalmente, motivo da nossa abordagem, a do ex-prefeito campinense Veneziano Vital do Rego, pelo PMDB.
Veneziano é irmão do senador Vital do Rego, também do PMDB, que teve seu nome recentemente evocado como possível ministro da Integração do governo Dilma Rousseff, do PT. Até agora, não emplacou, estando à espera do desfecho da reforma ministerial em curso.
Semana passada, a pedido do presidenciável Aécio Neves, do PSDB, Cássio convidou Vital para um jantar, e ele foi. Sobre o que conversaram, o senador peemedebista confirma que foi política, mas adianta que seu projeto e o de Cássio, na Paraíba, não combinam.
A imprensa tem registrado suposta insatisfação de Vital do Rego para com o governo de Dilma, traduzida na pautação de matérias incômodas ao Planalto, na poderosa Comissão de Constituição e Justiça, do Senado, presidida pelo paraibano. Porém, a tendência, de agora, é a de Vital, mesmo sem ministério, permanecer fiel ao grupo palaciano, no PMDB.
Para que o alinhamento se efetive, haveria o compromisso de o PT paraibano votar fechado com Veneziano Vital do Rego. Os interesses maiores da campanha de Dilma tornaria a vontade do PT nacional a mesma vontade do PT paraibano.
É bom lembrar que, a exemplo do PSDB, a cúpula do PT já decidiu que os interesses estaduais do partido estarão submetidos aos interesses da campanha de Dilma. A disputa presidencial falará mais alto – e, bem mais alto – do que eventuais disputas estaduais.
Para somar horários em favor de Veneziano, estaria o Planalto empenhado, também, na conquista dos apoios de Aguinaldo Ribeiro (muito afinado com Dilma), do PP, e Leonardo Gadelha, do PSC, também sem muitos problemas com o Planalto; muito pelo contrário.
Bom, este é um provável papel a ser desempenhado pelo PMDB paraibano nas eleições deste ano. Ou seja: aglutinar os partidos da base governista e compor o palanque de Dilma para a disputa presidencial. Aécio, com Cássio, e Eduardo Campos, com Ricardo, já estão organizados. Bons motivos para a questão da Paraíba ganhar contornos dramáticos para a campanha petista.
Pois bem. Apesar das juras de amor – sentimento, este, que não se discute – de Maranhão e Veneziano, os dois podem acabar num embate interno, cujo desfecho, caso realmente se instale, é de previsão difícil: Maranhão quer retomar a função de Senador da República.
Para que seu propósito vingue, as saídas são duas: ou é ungido como um candidato do PMDB, na coligação com o PT e demais partidos da base, ou sai em busca de alternativa eleitoral que lhe possibilite alcançar o objetivo.
A alternativa eleitoral de que mais se fala, no caso da pretensão do ex-governador Maranhão, atende pelo nome de Ricardo Coutinho, e seu PSB, que não hesitará, um segundo, em oferecer a vaga ao ex-governador peemedebista.
O tal acordo com o PSB contaria, para sua facilitação, com o desembarque do PSDB do governo Coutinho. Os espaços desocupados pela Paraíba afora, dariam, em excelência e quantidade, para abrigar o PMDB, já, no exercício do poder estadual.
Além disso, as brigas municipais – que hoje afastam o PMDB e Coutinho – estariam basicamente extintas, exatamente pelo afastamento dos tucanos, responsáveis pelas pinimbas mais fortes com os peemedebistas, no estado.
Convém lembrar, nesse particular, que o PMDB de José Maranhão, derrotado em 2010 por Ricardo em união com Cássio, acumula, desde então, mágoas crescentes com relação ao Planalto.
Tudo é possível, portanto. Inclusive, uma intervenção da direção nacional do PMDB, no estado, caso o partido enverede por outro caminho que não a da candidatura própria, ao gosto do governo e da própria cúpula do PMDB.
Mas, será que o PMDB também iria intervir no Acre, em Pernambuco, e na Bahia, onde o partido já se declarou em oposição ao PT e à Dilma, com possibilidades de o exemplo ser acompanhado por outros estados?
Enfim, tudo é possível acontecer daqui até as convenções de junho. Ou até antes, mesmo, como seria mais interessante para que qualquer campanha ganhe corpo suficiente para a disputa.
Portanto, cabe a pergunta: nesse carnaval 2014, de Copa e eleições, qual será o enredo que o PMDB paraibano vai apresentar? E qualquer que seja a decisão, terá peso enorme sobre o resultado do pleito deste ano, no estado.