A tentativa de resgatar os velhos e bons carnavais.

Por Rui Galdino Filho

Na minha infância brinquei nas cidades de Juazeirinho e Piancó, carnaval de rua, o mela-mela, o carnaval molhado, as charangas, os matinês no clube, etc, todas estas brincadeiras de maneira sadia, segura e realmente com muita alegria. A criançada só tinha medo mesmo do famoso “papa figo” e da “caipora” que na verdade nunca existiram !

Depois, já na cidade de João Pessoa, ao lado de vários colegas, participei ativamente da escola de sambra “PARAYSSAMBA”, era o tarolista do grupo, também cantava e me encantava com toda aquela alegria contagiante que nos envolvia. O grupo era muito bom e afinado, ensaiávamos todos os anos um mês antes do carnaval, e durante o período momesco, durante o dia em cima de um caminhão alugado, saíamos tocando pelas ruas de João Pessoa até chegar à casa de um amigo ou familiar e lá fazíamos a festa regado de muito churrasco, cerveja, banho de piscina e praia. À noite todo o grupo devidamente padronizado com as camisas do Parayssamba se encontravam no carnaval do Clube Cabo Branco e a festa continuava.

Entre a minha fase juvenil e adulta, ainda tive sorte de participar e brincar  carnaval de clube na cidade de João Pessoa. No tradicional Esporte Clube Cabo Branco – ECCB, brinquei algumas matinês, vermelho e branco e bailes carnavalescos ao som das orquestras dos maestros Vilô e Severino Araújo.

 

Eita época boa ! Até me emociono quando relembro esta fase de minha vida. Fase da época de solteiro, namoradas e namoradas, muita farra, mas, também muito estudo e esporte. Éramos uma juventude responsável, não existia estas drogas pesadas de hoje, tatuagens no corpo, brinquinhos nas orelhas, cabelos moicanos e vagabundagem nos estudos. Nada disso. O que existia era bebida alcoólica, muita batida de maracujá, lança perfume, loló, cigarros comuns, e tudo isso apenas para quem gostava, muita gente só participava tomando refrigerantes e sucos. Maconha só para quem curtia e longe da gente.

 

Éramos um grupo responsável e sadio, nunca aconteceu um problema, e muitos estão casados hoje em dia com as namoradas da época. Que maravilha ! O Parayssamba durou 06 anos, eu participei dos últimos 05 anos e ainda hoje tenho saudade daqueles bons tempos que não voltam mais. Restou apenas as boas amizades que fizemos, amizades sadias e sem nenhum interesse. Hoje cada um segue seu destino, do nosso grupo a maioria são médicos, engenheiros e advogados.

 

Parabenizo o político Tavinho Santos, atual presidente do Clube Cabo Branco, na tentativa de resgatar o famoso baile vermelho e branco, bem como o carnaval cabobranquensse este ano. Não será uma tarefa fácil, pois, as pessoas estão bastante desinteressadas e preocupadas com outras coisas. A velha e boa sociedade pessoense  está desarticulada, infelizmente a nova sociedade não curte mais isso, tem outros programas e objetivos. Na verdade o mundo avançou, a tecnologia também, porém, a QUALIDADE DE VIDA das pessoas diminuiu bastante.

 

Estamos diante de um grande paradoxo, aonde tudo está mais fácil e ao mesmo tempo com baixa qualidade. Além disso, o aumento da violência, do consumo de drogas, da baixa qualidade do ensino e pouca motivação dos novos estudantes, está deixando tudo sem a menor graça. Eu mesmo já tentei por duas vezes recuperar o velho e querido Parayssamba, e ainda não consegui, todos querem, acham a idéia interessante, mas, na hora H é difícil se reunir em virtude do famoso “corre e corre da vida”.

 

Na verdade estamos correndo para o NADA. Realmente perdemos qualidade de vida. O mundo atual é outro. O Deus verdadeiro até parece que está em greve, olhando tudo calado e vendo até onde as criaturas estão querendo ir. Os hospitais, cadeias, escolas, universidades, igrejas, manicômios, repartições públicas, clínicas, comércio, etc, estão todos superlotados, porém, estão ao mesmo tempo vazios de conteúdo e com baixíssima qualidade.

 

Resgatar os velhos carnavais, bem como, resgatar velhos valores da vida, como: família, amor, fé, estudo, trabalho, alegria, etc,  é de grande e fundamental importância para a sociedade atual e futura. Estamos vivendo num “mundo cão” em que as pessoas estão ficando cada vez mais egoístas e individualistas, e isso não é bom para sociedade. Temos que parar para refletir que tipo de mundo queremos para nós e as gerações futuras, pois, só depende de nós.

No próximo sábado, a partir das 22 horas, estarei com a minha família e alguns amigos participando do novo baile  “ VERMELHO e BRANCO” do Clube Cabo Branco, vou tentar brincar e observar se ainda é possível pensar num novo tempo. Vou sair de casa como antes, em busca de melhor qualidade de vida.

 

Cuidado ! Não confundam qualidade de vida, com ganhar mais dinheiro. Antes eu tinha bem menos dinheiro e vivia bem melhor. Não seja escravo do trabalho, dê um tempo a você, cuide da sua saúde física, mental e espiritual, isso, é QUALIDADE DE VIDA.

 

Tenho pedido a Deus em minhas orações do dia a dia, que abra o coração e as mentes das suas criaturas, pois, o mundo sempre foi belo e as pessoas estão cegas e alienadas ultimamente. Faça Deus voltar a sorri, pois, Ele está triste e calado esperando que realmente saibamos usar o PARAÍSO e o LIVRE ARBÍTRIO que Ele nos presenteou.

 

Viva os velhos carnavais, procure viver um novo tempo !

 

Será que ainda é possível ?

 

Rui Galdino Filho

Advogado e Comentarista.