Este preâmbulo se faz por conta das últimas declarações do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa. Trata-se do grande artífice da luta contra a corrupção, vencedor do mensalão e campeão do combate à impunidade.
Mesmo assim… Mesmo assim, não dá para entender como o magistrado pregou o ostracismo para réus de crimes de corrupção e congêneres, chegando a criticar os jornais por abrir suas páginas para pessoas condenadas por tais delitos.
Primeiro por tratar-se de uma restrição à liberdade de imprensa, mesmo referida sob a forma de sugestão. Também porque os réus tem direito a defesa, antes e depois de condenados, tanto quanto se torna necessário conhecer as acusações feitas a eles. Sem esquecer a evidência de que a Justiça pode errar.
Imagine-se a opinião de Barbosa aplicada no julgamento de Nuremberg. Deveria a mídia mundial ter-se omitido diante das alegações dos réus, ou sonegar ao público o comportamento de cada um? Nem mesmo a forca evitou que milhares de reportagens e de livros fossem editados a respeito dos criminosos do nazismo, inclusive abrindo páginas para a versão de cada um deles.
No processo do mensalão acontece a mesma coisa. Dissecaram-se os crimes e a participação dos réus, suas explicações e até detalhes de como levam suas vidas na cadeia. São informações que interessam à população, qualquer que seja a reação do leitor, depois de conhecê-las.
Ostracismo, no caso, é censura, punição que ao contrário da manifestação do ministro, não faz parte da pena.
EXAGEROS DESNECESSÁRIOS
No ninho dos tucanos, o grande assunto da semana está sendo a escala da presidente Dilma em Lisboa, na viagem da Suiça para Cuba. Fazendo coro ao exagerado noticiário a respeito da passagem da comitiva presidencial pela capital portuguesa, para uma refeição em restaurante de luxo e pernoite em hotel cinco estrelas, o PSDB dá a impressão de não dispor de mais nenhuma crítica ao governo. Até Aécio Neves insurgiu-se contra a interrupção no trajeto da presidente e seus ministros entre os dois continentes. É por essas e outras que as pesquisas continuam vedando o sucesso ao candidato.