O samba da Segurança Pública é de uma nota só: estatísticas produzidas pelo próprio Governo e que, para diversos interlocutores, carecem de credibilidade

TEIMOSIA E PREJUÍZO –  POR PAULO SANTOS

Pode custar muito caro, para o projeto político arquitetado desde os tempos de vereador, a irredutibilidade do governador Ricardo Coutinho (PSB) em fazer modificações mais profundas em sua equipe de auxiliares, mantendo focos de desgaste junto á opinião pública, ou melhor, ao eleitorado.
Tome-se como exemplo os casos de Segurança Pública e da Cagepa, dentre outros, que despontam como alvos principais de críticas e esses críticos, diga-se de passagem, estão sobejamente cobertos de razão. O clima no Estado da Paraíba é de absoluta insegurança e ninguém confia que terá água em casa ininterruptamente por 24 horas.
É natural que os administradores, principalmente os que são ungidos nas urnas, se prendam a alguns conceitos que só eles próprios concebem e alimentam, mas algumas teimosias costumam terminar em colossais hecatombes por despreparo do administrador e, consequentemente, por insensibilidade ao ouvir as “vozes roucas das ruas”.
Desde o primeiro dia de Governo, Ricardo Coutinho tem se mostrado irredutível em relação a alguns conceitos administrativos que não havia manifestado em sua dupla passagem pela Prefeitura da Capital. Duas coisas afloram: as mudanças na equipe são cosméticas e o total desprezo pelos servidores estaduais.
Importa ver a primeira questão porque a manutenção de um modelo tem limites e o modelo de gerência da Segurança e da empresa responsável pelos serviços de água e esgoto no Estado têm se revelado claudicantes e merecedores de ásperas críticas da comunidade, como a demonstrar que o bem comum também está sendo desprezado.
Na própria equipe de Governo pode-se ir buscar exemplos de que as mudanças são salutares e podem revelar gestores adequados para determinadas missões que antes se mostravam em níveis deprimentes. É o caso da Administração Penitenciária onde foram feitas mudanças de comandos e deu plenos resultados.
Na ótica perfeita do Governo, então, é: o que vale para a Administração Penitenciária não vale para a Segurança e para a Cagepa. Evidente que essa não é a lógica perfeita porque um setor crítico como o das penitenciárias merece destaque inclusive em nível nacional depois da mudança de gestor e outros continuam desafinados.
O samba da Segurança Pública é de uma nota só: estatísticas produzidas pelo próprio Governo e que, para diversos interlocutores, carecem de credibilidade, enquanto organismos nacionais e internacionais continuam apontando a Paraíba como um dos espaços mais violentos do mundo.
Se a teimosia em não ter feito modificações em tempo hábil para recuperar a eficiência da “máquina” pública pode gerar sérios prejuízos políticos para o Governo, põe também alguns outros agregados em situações constrangedoras. Há dois exemplos clássicos e recentes.
O principal aliado do Governo – o senador Cássio Cunha Lima – queixou-se publicamente da insegurança em Campina Grande. Na mesma linha seguiu o presidente estadual do PDT e deputado federal Damião Feliciano que reconheceu publicamente que a falta de segurança campeia.
Se as manifestações dos cidadãos/contribuintes não encontra eco junto ao Governo e algumas das principais lideranças aliadas têm suas opiniões desprezadas é porque o Governo tem algum trunfo para reverter o quadro de descrença nas autoridades responsáveis por essa melindrosa área. Até agora a teimosia está bancando o prejuízo.