O julgamento do mensalão tucano em 2014 no Supremo Tribunal Federal poderá atrapalhar os planos do PMDB de lançar o senador Clésio Andrade, um dos réus no processo, na disputa pelo governo de Minas Gerais.
Se ocorrer no primeiro semestre, antes das convenções partidárias de junho, haverá risco de o julgamento prejudicar as articulações do senador para se consolidar como candidato à sucessão de Antonio Anastasia (PSDB).
Se Clésio conseguir viabilizar sua candidatura e o julgamento ficar para o segundo semestre, ele estará em campanha eleitoral quando seu destino estiver sendo discutido pelo Supremo.
O presidente do PMDB-MG, deputado federal Saraiva Felipe, reconheceu que o julgamento em ano eleitoral pode ser um “acidente de percurso”. Disse que a sigla “tem alternativas”, mas não as citou.
Interessados no apoio do PMDB a seus candidatos, petistas e tucanos acreditam que o desgaste com o julgamento é capaz de convencer Clésio a desistir da disputa. O senador descarta a possibilidade. Em encontros com petistas, disse achar possível que o processo do mensalão tucano não avance.
A Procuradoria-Geral da República acusa os tucanos de desviar R$ 3,5 milhões de empresas públicas de Minas Gerais para financiar a campanha à reeleição do então governador Eduardo Azeredo (PSDB) em 1998. Azeredo, hoje deputado federal, perdeu a eleição e é um dos réus do processo no STF.
O esquema é apontado como embrião do mensalão do PT, por causa da participação do publicitário Marcos Valério de Souza, dono de agências que tinham contratos com o governo mineiro e depois ajudaram a distribuir o dinheiro do mensalão do PT.
Clésio Andrade foi sócio de Valério em uma agência e vice de Azeredo na eleição de 1998. Ele e Azeredo negam as irregularidades. Valério está preso desde novembro. Empresário e presidente da Confederação Nacional dos Transportes, Clésio não quis comentar o assunto.
Se ele desistir da disputa eleitoral, o PMDB terá como opção o empresário Josué Gomes da Silva, recém-filiado ao partido e filho do vice-presidente José Alencar (1931-2011).
Mas a tese da aliança com o PT também se fortaleceria. O ministro da Agricultura, Antonio Andrade, sonha em ser vice na provável chapa do ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel (PT), líder das pesquisas.
Folha de S. Paulo