Sérgio Botêlho
O desaguisado é evidente entre os grupos de Cássio Cunha Lima e Ricardo Coutinho. Para segmentos cassistas, não há mais promessa ricardista alguma capaz de restabelecer a confiança.
Nesta segunda-feira, 23, um desses cassistas, em Brasília, revelou a desconfiança: “se Ricardo for reeleito, vai procurar por todos os meios destruir politicamente o cassismo, na intenção de se construir como principal liderança do estado, no rumo de 2018”.
Segundo a lógica do nosso amigo, a intenção de Coutinho em um segundo mandato seria a de consolidar seu próprio grupo, que lhe capacite a se conservar no exercício do poder por um tempo indefinido, na Paraíba.
Ele acredita que a tarefa seria facilitada pela esticada ausência de Cássio do Palácio da Redenção, algo, na sua ótica, capaz de demolir qualquer trincheira partidária, em virtude do fascínio que o poder exerce sobre tropas políticas.
Ao argumento de que Cunha Lima poderia ser o candidato de Ricardo, em 2018, ele retruca com veemência, e pessimismo: “reeleito, o governador nem terá necessidade disso, diante do enfraquecimento de Cássio”.
O interlocutor considera, no entanto, que não será fácil o rompimento, uma vez que muitos dos próprios cassistas, exercendo cargo no atual governo, oferecerão forte resistência. “Daqui a cinco anos será muito pior”, pondera.
E como que sacando de uma cereja para coroar o bolo que fez, o preocupado cassista arremata: “e tem mais: quem vai representar a candidatura de Aécio na Paraíba, que terá palanques para Eduardo Campos, na pessoa do governador, e para Dilma?”.
Não resisti à crucial questão: “será Cássio elegível… há sérias dúvidas…”. Notei leve perturbação, com imediata recomposição de ânimo: “você verá… Cássio é elegível… isso é o que dirá a Justiça Eleitoral, com certeza!”.
E aí, o homem encerrou a conversa. E eu também.