Mesmo com as urnas eletrônicas – essas caixas-pretas que não imprimem o voto e não permitem verificação independente –, mesmo com todo tipo de programa assistencialista, mesmo com o voto de legenda que faz dos deputados efetivamente eleitos uma ínfima minoria e tudo o mais, os políticos ainda têm algum medo do povo.
Não que isso faça muita diferença prática: o poder, o dinheiro envolvido e o cacife dos militantes a favor das causas ditas “progressistas” faz com que sempre se arranje um jeitinho. Ora é uma lei disfarçando o aborto de outra coisa, ora é uma decisão de juízes mais alinhados com as elites internacionais que com o povo brasileiro, ora é uma “norma técnica” como aquela com que José Serra fez dos médicos do SUS aborteiros.
São maneiras de driblar a vontade popular e fazer valer a vontade de alguns poucos, riquíssimos, que procuram demolir o que resta da civilização que nos trouxe até aqui. Os efeitos diretos e indiretos desta campanha antipovo fazem-se sentir na criminalidade exacerbada pelo desarmamento das vítimas (reprovado nas urnas pela imensa maioria da população, mas que continua firme e forte), pela quase legalização do crack (não dá cadeia…) e do furto (idem), e pelos programas assistencialistas. Afinal, sem uma família estável, sem um modelo de comportamento a seguir, a vida de viciado, alternando o êxtase absoluto da droga com momentos de poder e adrenalina nos furtos cometidos para sustentar o vício, passa a parecer uma excelente opção de vida para muitos rapazes que poderiam estar trabalhando honestamente. Não que o Estado facilite isso, claro: a legislação trabalhista, que é uma mãe para o empregado, é uma madrasta cruel para quem está procurando emprego.
Em suma, a situação administrativa do Brasil continua propositadamente crítica. A única notícia boa é que algum medo do povo ainda existe entre nossos empregados no Estado, e não foi desta vez, abertamente, que pioraram mais um pouco a nossa vida.