Membros do partido de Marina não querem associação com nomes ligados a Aécio ou Dilma
Campos negocia apoio a nomes do PSDB em pelo menos seis Estados, e pode fechar com petistas em outros dois
Dirigentes da Rede Sustentabilidade admitem separação com o PSB em diferentes disputas estaduais, caso o novo aliado feche alianças com candidatos a governador ligados ao senador Aécio Neves (PSDB) ou à presidente Dilma Rousseff (PT).
Em busca de palanques regionais para sua provável candidatura ao Planalto, o governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, negocia acordos com nomes do PSDB em ao menos seis Estados, e com petistas em outros dois.
Essas negociações não agradam os dirigentes da Rede. Idealizado pela ex-senadora Marina Silva, o partido se uniu ao PSB em outubro após ter seu registro negado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
“Vamos tentar unificar o máximo possível nos Estados, mas, se não tiver unidade, cada um segue seu caminho. A Rede vai construir outra candidatura nesses Estados, que pode ser de outro partido”, disse o coordenador do grupo Pedro Ivo, um dos mais próximos a Marina.
No último dia 8, Campos voltou a discutir com Aécio apoio mútuo em alguns Estados para reforçar a oposição à candidatura de Dilma.
O PSB cogita apoiar nomes tucanos em São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Pará e Ceará, em troca do apoio do PSDB em Pernambuco, Paraíba e Roraima.
Campos e Aécio ainda poderão dividir palanque no Rio Grande do Sul, onde ambos deverão apoiar a candidatura da senadora Ana Amélia Lemos (PP) ao governo.
Mas o pernambucano também poderá dividir palanque com Dilma no Espírito Santo, Amapá, Acre e Rio –nos dois últimos, com candidato petista encabeçando a chapa.
No Rio, o senador Lindbergh Farias (PT), pré-candidato ao governo, convidou Romário (PSB) para possível coligação, mas o acordo ainda não saiu. Já no Acre, o PSB tem hoje o vice-governador César Messias e tende a manter a aliança pela reeleição de Tião Viana (PT).
Para integrantes da Rede, a prioridade é lançar candidaturas próprias do PSB para “despolarizar” o debate.
“Não tem sentido apresentar uma chapa alternativa ao governo federal para afirmar uma nova política e ter alianças para governo com PSDB ou com PT”, afirma Pedro Ivo.
Esse ponto, que para o deputado Walter Feldman (PSB-SP) é hoje “um dos problemas mais sérios” da união Rede/PSB, deverá ser tema central de reunião entre dirigentes da Rede hoje em Brasília.
“Quando conversamos com o Eduardo [Campos], foi nessa perspectiva de criar uma terceira via. Esse foi o encanto daquele momento e sempre tivemos a perspectiva de essa linha se desdobrar nos Estados”, diz Feldman.
O grupo ligado a Marina já levanta nomes que poderão apoiar nos Estados onde não sair a candidatura própria.
“Se tiver uma candidatura na qual a Rede possa colocar essa alternativa, fará sim”, afirma o deputado Feldman.
Em São Paulo, onde o PSB avalia indicar o vice na chapa do governador Geraldo Alckmin (PSDB) à reeleição, a Rede poderá apoiar o vereador Gilberto Natalini (PV).
Também do PV, a deputada Rosane Ferreira pode ganhar o aval da Rede no Paraná, onde o PSB é aliado do PSDB e tende a apoiar a candidatura à reeleição do governador tucano Beto Richa.
A despeito das divergências regionais, integrantes da Rede dizem que a aliança com o PSB na disputa ao Planalto continua “muito firme” PATRÍCIA BRITTODE SÃO PAULO