Opinião

Fora da ordem - Por Ronaldo Cunha Lima Filho

Fora da ordem - Por Ronaldo Cunha Lima Filho

Chiquinho Brazão, acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, passou pouco mais de um ano preso.
Alegando graves problemas de saúde, o suspeito, há poucos dias, obteve o benefício da prisão domiciliar, sujeitando-se a medidas restritivas de direito, como não conceder entrevistas, não receber visitas, não acessar as redes sociais e usar tornozeleira eletrônica. O juiz do caso é o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes.

De outro lado, está a ação movida pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra a cabeleireira Débora Rodrigues, que já cumpriu mais de dois anos de uma pena de 14 anos, condenada por pichar uma estátua em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) — entre outros crimes de materialidade e autoria duvidosas, como o de acampar diante de quartéis pedindo o retorno do regime militar. Um gesto de completa e inacreditável imbecilidade, sim, mas não necessariamente um crime.

Nesse caso, a relatoria também está a cargo do ministro Alexandre de Moraes.

Há poucos dias, o ministro relator concedeu à cabeleireira o benefício da prisão domiciliar, com as mesmas medidas restritivas impostas a Chiquinho Brazão.

Vejam o disparate! Que tipo de ameaça representa à sociedade essa sofrida cabeleireira?
De que maneira ela poderia interferir no andamento da ação penal?
Que meios ela teria para “reverter” a ordem pública, a justificar a sua prisão preventiva?

Débora Rodrigues têm dois filhos menores, que enfrentam sérios problemas psicológicos e emocionais em razão da desumana prisão da mãe — dois anos, longe do convívio familiar.

Trata-se de uma mulher íntegra, religiosa e trabalhadora. Equivocada, é verdade, mas não uma criminosa a merecer 14 anos de prisão.

O acusado de assassinar Marielle Franco e seu motorista obteve o benefício da prisão domiciliar após um ano, alegando questões humanitárias. Débora, a cabeleireira, passou dois anos presa.

Posso até acreditar nas boas intenções do polivalente ministro Alexandre de Moraes. No entanto, é evidente que sua onipresença vem comprometendo a condução de alguns processos sob sua relatoria.

Pensei comigo: por ser careca terá o ministro Alexandre de Moraes, algum tipo de implicância com as cabeleireiras?