
Nesse domingo (06), a Avenida Paulista foi palco de um ato político em apoio à anistia dos envolvidos nos eventos de 8 de janeiro. O evento, organizado pelo pastor Silas Malafaia, revelou tensões internas no bolsonarismo, especialmente em relação ao presidente da Câmara, Hugo Motta.
Durante o ato, Silas Malafaia não poupou críticas a Hugo Motta, chamando-o de “vergonha da Paraíba”. Essa postura reflete uma crescente insatisfação entre os bolsonaristas, que veem Motta como um obstáculo para a aprovação da anistia. O deputado Sóstenes Cavalcante, líder do PL, havia prometido apresentar um requerimento de urgência para a votação do projeto, mas não conseguiu as assinaturas necessárias, atribuindo o fracasso à pressão de Motta sobre os líderes partidários.
A obstrução de votações das comissões e do Plenário da Câmara que o PL vem fazendo, até que o projeto de anistia entre na pauta, já tem irritado os presidentes de comissões dos partidos do Centrão. Agora, a guerra com Hugo Motta pode provocar a solidariedade dos deputados ao novo presidente da Câmara e afastar ainda mais o PL do Centrão.
Estratégias em conflito
Com a falta de apoio, a estratégia de Cavalcante mudou para a coleta de assinaturas individuais, mas a tática de atacar Motta publicamente pode ser arriscada, especialmente com a possibilidade de gerar solidariedade entre os deputados do Centrão em favor do presidente da Câmara. O PL, que tem obstruído votações em busca de colocar a anistia na pauta, enfrenta crescente irritação por parte dos presidentes de comissões do Centrão.
O retorno às raízes
Esse cenário sugere que o bolsonarismo pode estar voltando às suas origens, onde atacar o Centrão como uma “quadrilha de ladrões” era uma prática comum. Em 2018, o general Augusto Heleno, em uma de suas falas, já deixava claro o desprezo pelo grupo, o que agora parece ressurgir nas tensões atuais.
Embora Bolsonaro tenha anunciado a expectativa de um público de um milhão de pessoas, a realidade foi bem diferente. O ato em Copacabana atraiu apenas 18 mil participantes, enquanto na Avenida Paulista, a presença foi ainda menor, com menos de 45 mil, segundo levantamento da USP. Em contraste, um ato da esquerda contra a anistia reuniu apenas 6 mil manifestantes, evidenciando que a anistia não é uma bandeira popular.
Com G1