
Paraíba - Fontes do “staff” político do governador João Azevêdo(PSB) asseguram que o projeto da candidatura dele ao Senado nas eleições do próximo ano vai ganhando força, não só em virtude da pressão de aliados e da avaliação positiva da sua gestão mas, também, em face da aceleração de fatos políticos que estão provocando ensaios de definição ou arrumações de bastidores no cenário da Paraíba com vistas ao pleito vindouro. A perspectiva de formação de federação entre PP e União Brasil, a pressão do Republicanos por espaços na chapa majoritária-2026 e a preparação do governador para assumir o comando estadual do Partido Socialista Brasileiro são listados entre os acontecimentos decisivos que agem sobre a decisão de João Azevêdo. Por fim, o chefe do Executivo tem avançado na agenda política, buscando interlocução em várias frentes (quer com parlamentares federais e estaduais, quer com prefeitos municipais). Os gestores municipais, inclusive, passarão a ter uma atenção maior por parte do Executivo nas suas demandas, conforme revelou João Azevêdo, indicando que não haverá discriminação de sigla.
A movimentação política do governante estadual já está sendo notada por líderes políticos de partidos da oposição, com reuniões encorpadas que ele vem mantendo com próceres do seu entorno e com declarações desses próceres, afinadas no sentimento de unidade do esquema para a vitória nas eleições de 2026. Afirma-se que a ofensiva empreendida por João Azevêdo está tendo o condão de deter ameaças de migração por parte de chefes municipais, tendo chamado a atenção, inclusive, a articulação que deu o comando de diretórios locais do PSB a quadros de fora, dentro da estratégia de ampliação e fortalecimento das bases. A atuação específica do governador tem sido acompanhada com interesse pela direção nacional do seu partido, que aposta no seu nome como uma das opções para reforçar a bancada ao Senado nas eleições de 2026. O futuro presidente nacional socialista, João Campos, prefeito do Recife, passa a constar do radar de Azevêdo como interlocutor importante para as definições que precisarão ser equacionadas.
Aliados do chefe do Executivo paraibano consideram praticamente superada a fase de acomodação que vinha acometendo o esquema político oficial, diante da própria recomendação dada por João Azevêdo para que a prioridade fosse conferida à pauta administrativa, reservando-se a discussão de questões políticas-eleitorais para o ano eleitoral propriamente dito. Hoje, é o governador o mais interessado em dar partida a tratativas políticas, tendo sido emblemática a reunião mantida com o deputado Hugo Motta (Republicanos), presidente da Câmara Federal, e o deputado Aguinaldo Ribeiro, expoente do Progressistas no Estado, em restaurante da orla marítima da Capital. O comentário é de que aquele encontro foi uma espécie de divisor de águas no que diz respeito à formulação da nova tática do esquema governista para dar combate a uma oposição que se diz unida mas que enfrenta divisões motivadas pela concorrência de interesses, principalmente em relação à candidatura ao governo, entre o senador Efraim Filho, do União Brasil, e o ex-deputado Pedro Cunha Lima, ex-PSDB, atualmente PSD.
De lá para cá sucederam-se convenções municipais do PSB, com ênfase para as de João Pessoa e Campina Grande, onde quadros novos foram incorporados às respectivas direções dentro da tarefa de oxigenar o partido e, consequentemente, fortalecê-lo para os embates vindouros. Em Campina Grande, nas eleições municipais de 2024, o candidato Jhony Bezerra, do PSB, conseguiu o feito de avançar para o segundo turno contra Bruno Cunha Lima, do União Brasil, que se reelegeu com o reforço da máquina e o engajamento de líderes aliados de prestígio na Rainha da Borborema. Em João Pessoa, o PSB apoiou a reeleição de Cícero Lucena (PP) mantendo o seu filiado ilustre Leo Bezerra na chapa como candidato a vice-prefeito – alcançando-se resultado vitorioso. Ultimamente, Leo Bezerra foi efetivado no comando do diretório municipal socialista na Capital e dá sinais de preparar-se para uma candidatura a prefeito lá na frente, uma vez concretizada a desincompatibilização de Cícero Lucena para postular outros mandatos, enquanto Jhony Bezerra foi alçado ao comando da legenda em Campina.
O que parece cristalizada, a dados de hoje, no esquema governista liderado por João Azevêdo, é a unidade entre pelo menos três grandes partidos – o PSB do chefe do Executivo, o Republicanos do deputado federal Hugo Motta e o PP do deputado federal Aguinaldo Ribeiro e do prefeito Cícero Lucena, sem que sejam descartadas outras forças políticas ou lideranças que se declaram sintonizadas com o atual projeto de poder que está em curso na Paraíba. A preocupação máxima do governador João Azevêdo é com vistas a assegurar esse ambiente de integração antes, durante e depois das eleições de 2026, não dando brecha para defecções ou para insatisfações. A acomodação de pretendentes na chapa majoritária governista é uma obra de engenharia, que contém seus riscos, mas estrategistas como João Azevêdo, Hugo Motta e Aguinaldo Ribeiro operam para minimizar fissuras e para valer-se de habilidade que contemple as principais forças representativas do esquema que se mantém no poder estadual, desafiando as ambições do segmento oposicionista paraibano. Nesse contexto, a definição sobre a candidatura de Azevêdo ao Senado é um fator de estímulo para a busca do entendimento em relação a outros cargos na chapa.