Foto da Duque de Caxias, no trecho entre a Misericórdia e o Ponto de Cem Reis.
Foto da Duque de Caxias, no trecho entre a Misericórdia e o Ponto de Cem Reis.

É sabido que há uma tendência de que parte do Centro Histórico de João Pessoa se transforme em calçadão. A primeira experiência seria com a Duque de Caxias, por sinal, parte dela já exercendo essa função urbana, no trecho entre a Igreja da Misericórdia e a Praça João Pessoa. Não há novidade nessa propensão, em termos de expectativa, já que em muitas cidades históricas brasileiras essa é mesmo a inclinação, diretamente ligada à natureza dos núcleos urbanos centrais, enquanto espaços de convivência e memória.

Em muitas cidades, o fechamento de ruas para veículos e a criação de áreas exclusivamente para pedestres representam estratégia válida para revitalizar esses locais, impulsionar o turismo e incentivar o comércio.

Os centros históricos costumam ter ruas estreitas, construções antigas e uma ambiência propícia para o passeio a pé, exatamente o caso de João Pessoa. A mudança para calçadões favorece a preservação do patrimônio arquitetônico, reduz a poluição sonora e ambiental, além de estimular a economia local ao atrair cafés, restaurantes, livrarias, sebos, brechós, galerias de arte e outros estabelecimentos que enriquecem a experiência dos visitantes. Claro que a intervenção precisa ser acompanhada de planejamento cuidadoso.

É essencial que os calçadões sejam seguros, em todos os sentidos, acessíveis e contem com infraestrutura adequada, como mobiliário urbano de qualidade, iluminação eficiente e paisagismo. Além disso, é importante garantir que os moradores e comerciantes locais participem do processo, a evitar a descaracterização do espaço ou a gentrificação indesejada.

Em cidades como Salvador, São Paulo e Recife, há exemplos bem-sucedidos de centros históricos revitalizados por meio de calçadões. Por outro lado, há casos em que a falta de manutenção ou de atividades culturais regulares levou ao esvaziamento desses espaços. Assim, é fundamental que haja políticas públicas contínuas de preservação e incentivo à ocupação qualificada. Satisfeitas tais medidas, dará certo.

Sérgio Botelho

Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.