A notícia de que o Senador Cássio Cunha Lima (PSDB) teria condições jurídicas de encarar uma disputa ao Governo do Estado nas eleições de 2014 deve ter causado um tsunami na Granja Santana. É claro que o governador Ricardo Coutinho (PSB) tem ciência do tamanho de seu cacife eleitoral atualmente e sabe que encaram uma disputa sem o apoio de Cássio e, mais ainda, contra este, é a tarefa mais difícil do mundo.
Então, o Plano B para não correr o risco de sair da disputa bem menor do que entrou – como a sua candidata à Prefeitura de João Pessoa, Estelizabel Bezerra, que amargou um terceiro lugar no ano passado, mesmo tendo o apoio político e estrutural do governador do Estado – seria abrir mão da disputa e apoiar uma eventual candidatura de Cássio ao cargo que hoje ele, o Mago, ocupa.
E, como o PMDB já tem como certa a candidatura de Veneziano Vital do Rêgo, a Paraíba corre o sério risco de ter, em 2014, a disputa que muitos gostariam de ver: Cássio X Veneziano. Este é um debate que muitos torcem para acontecer, afirmando que, aí sim, haveria uma qualificação na disputa.
Mas essa possibilidade esbarra em dois aspectos. O primeiro eu já tive a oportunidade de comentar: Cássio está num bom momento de sua vida política. Depois amargar a tarja de duas cassações em seu currículo político, exerce mandato em Brasília com considerável prestígio junto à cúpula nacional do seu partido e está envolvidíssimo no projeto nacional do PSDB de eleger Aécio Neves presidente da República.
Outro fator é que, em se tratando de Ricardo Coutinho, é muito, mas muito pouco provável mesmo que ele abdique da possibilidade de renovar seu mandato. É que, estando no cargo de governador, fica difícil ser convencido a abrir mão da possibilidade de continuar comandando os destinos político e administrativo de seu estado. E convencer Ricardo de algo que vai de encontro às suas convicções é tarefa mais que difícil.
Este fato nos faz lembrar 2010. Quando, na pré-campanha daquele ano, alguns peemedebistas citavam Veneziano como candidato mais competitivo que José Maranhão para encarar Ricardo Coutinho, Maranhão, então governador do Estado, tendo assumido após a cassação de Cássio, não quis saber de disputa interna nenhuma. E o próprio Veneziano, na época, disse que Maranhão tinha todo o direito. Ou “a precedência”, como ele próprio dizia nas entrevistas.
Claro que a realidade era outra. Maranhão subestimou Ricardo, achando que poderia ser eleito, considerando que Cássio estava fora da disputa. Mas agora, ninguém pode subestimar Ricardo novamente, pois ele tem o poder da caneta e, como disse na festa de seu aniversário, quer dar uma “surra de vara” na oposição, seja ela Veneziano, Cássio, Leonardo Gadelha, Wilson Santiago, Aguinaldo Ribeiro, ou eles todos juntos.
Alguém quer pagar pra ver?
*professor aposentado da UFPB. Este comentário também está publicado no meu Facebook